Muitas são as expressões relacionadas ao coração que são usadas pelo povo para expressar as qualidades ou defeitos de uma pessoa. É comum ouvir: “Aquela pessoa tem um coração de pedra”. Ou: “Aquela pessoa tem um grande coração”. A primeira expressa uma pessoa má; a segunda, uma pessoa bondosa. E quando vemos alguém que agride fisicamente ou psicologicamente uma outra pessoa dizemos: “Esta pessoa não tem coração!”. Na verdade, esta expressão significa que a pessoa que maltrata um semelhante seu não tem amor e nem bondade em seu coração.

Das muitas formas de espiritualidade cristã, uma que teve (e continua tendo) grande êxito ao longo da história da Igreja é a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, cuja festa litúrgica celebramos neste mês de junho. Conhecidíssimas em todo mundo são as breves fórmulas de oração: “Sagrado Coração de Jesus, eu confio em vós”; e, “Jesus manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”.

O coração é considerado a sede dos sentimentos da pessoa. É o centro de onde brotam coisas boas e más. E como nós cristãos devemos olhar para Jesus Cristo como nosso mestre, nosso modelo, encontramos em seu coração a inspiração para nossa vida de discípulos-missionários seus.
O coração de Jesus nos mostra o coração de Deus. Ao conhecermos como Jesus viveu entre nós quando esteve na terra alcançamos o coração de Deus, pois Ele nos revela as atitudes divinas da misericórdia de Deus que se expressa em todas as suas palavras e atos, como registrados no Novo Testamento.

O coração de Jesus se rompeu na cruz, mas Ele ressuscitou e o seu coração continua pulsando e dando-nos vida plena. Entrando no coração de Jesus entramos no coração de Deus. Certamente, a melhor devoção ao Sagrado Coração de Jesus é “entrar em Seu coração”, é sentir o amor que queimava n’Ele; é sentir-nos amados por Ele, é aprender que o caminho do verdadeiro seguimento não é um ato de piedade, mas uma atitude de vida no amor. É descobrir que a verdadeira devoção ao Sagrado Coração de Jesus não se restringe a uma simples prática de piedade, como poderia ser “confessar e comungar nas nove primeiras sextas-feiras”, mas está no aprender a amar como Ele nos amou.

O que realmente precisamos é dilatar o nosso coração segundo o Coração de Jesus. E como podemos dilatar nosso coração? A resposta é simples, mas exige empenho constante. Trata-se de amar a cada um que de nós se achega, como Deus o ama. E, dado que estamos no tempo, amemos ao próximo um por vez, sem guardar no coração resquícios de afeto pelo irmão encontrado um minuto antes. Afinal, é o mesmo Jesus que amamos em todos. Mas, se o resquício fica é porque amamos o irmão de antes por nós mesmos ou por ele, não por Jesus. E aí está o problema. Para que nosso amor seja verdadeiro precisamos manter a castidade de Deus, ou seja, manter no coração o amor, amar como Jesus ama. Portanto, para ser puro não é preciso tolher o coração e nele reprimir o amor. É preciso dilatá-lo segundo a medida do Coração de Jesus e amar a todos. Fazendo assim, não somente imitamos Jesus, mas o revivemos. E, revivendo Jesus, mostramos ao mundo que Ele está vivo entre nós; assim construímos o Reino Deus. Jesus manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso.

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