Há uns dias conversava com algumas pessoas sobre o comportamento de uma criança “cheia de vontades” que estava deixando sua mãe quase louca. No meio da situação, ela, a mãe, virou para mim e disse: “Sabe, parece que agora essas crianças já nascem sabendo escolher o que querem…” Ops, acendeu a luz amarela para mim porque o processo de fazer escolhas não é fácil e envolve passos e condições que as crianças, em sua imaturidade, ainda não desenvolveram.

Fazer escolhas implica em avaliar as opções que a realidade oferece e renunciar a algo, acreditando que aquilo que se escolhe seja a melhor opção. É um processo inevitável e excludente. Ao acordar, levanto-me logo ou fico mais um pouco na cama? Que roupa usar? Fico em jejum ou tomo café? Escolhas são atitudes, ações no mundo que acontecem sempre dentro de um campo de possibilidades. Não são sinônimos de “vontade”, pois não podemos escolher o corpo que temos ou a ter nascido em outra família e nem podemos escolher fazer o tempo voltar ou passar mais depressa, por exemplo. A realidade, por vezes, se impõe, mas nada retira de nós a condição de escolher. Assim é quando adoecemos: não escolhemos adoecer; apesar de às vezes escolhermos hábitos que nos adoeçam… Uns, diante da doença se desesperam, outros se resignam, outros, ainda, seguem em frente sem abalos… Escolhas!

Por vezes, podemos estar mais ou menos seguros para escolher, noutras pode ser que tenhamos dificuldade para avaliar adequadamente, nesse momento, podemos: conversar com pessoas em quem confiamos, estudar sobre o assunto, por exemplo; o mais efetivo, porém, é avaliarmos para onde nossas escolhas nos levam. Vale, também, ressaltar que mesmo “não escolher” é, ainda, uma escolha. Posso escolher deixar “a vida me levar”, ficar “em cima do muro”, por exemplo; ainda assim, estou escolhendo. 

Para fazermos boas escolhas, necessitamos considerar: Valores: quais os seus? O que você acredita e valoriza?O que não pode faltar na sua vida (não as coisas, mas atitudes, sentimentos, pensamentos, comportamentos). Quanto mais próximas dos seus valores, melhores serão suas escolhas! Direção: onde você quer chegar? Quais seus objetivos? Suas decisões devem levá-lo em direção aos seus objetivos e propósitos. Responsabilidade: assuma a responsabilidade por suas escolhas e administre as consequências. Lembre-se: você escolheu com base nas referências que tinha no momento da escolha. Se, passado o tempo, você avaliar que não foi uma boa escolha, não se torture nem se culpe, mas reveja a escolha, reorganize sua vida e siga em frente. Procure ficar em paz com suas escolhas! Ganhos e perdas: muitas pessoas adiam decisões porque querem escolher somente o caminho que resulte apenas ganho, mas toda escolha envolve ganho e perda e não ganho ou perda. Analise e administre os ganhos e as perdas. Nem tudo são flores. Lembre-se: são as nossas escolhas, mais do que as nossas capacidades, que mostram quem realmente somos!

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