A) Texto: Mc 1,1-8
1“Início do evangelho de Jesus Cristo Filho de Deus. 2Está escrito no livro do profeta Isaias: “Eis que envio meu mensageiro à tua frente, para preparar o teu caminho. 3Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas! 4Foi assim que João Batista apareceu no deserto, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados. 5Toda a região da Judéia e todos os moradores de Jerusalém iam ao seu encontro. Confessavam os seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 6João se vestia com uma pele de camelo e comia gafanhotos e mel do campo. 7E pregava, dizendo: Depois de mim virá alguém mais forte do que eu. Eu nem sou digno de … desamarrar suas sandálias. 8Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo”.
B) Comentário
Domingo passado teve início o tempo do Advento, que marca o primeiro passo do ano cristão ou “Ano litúrgico”. O Advento é o período de esperança, e significa esperança no que há de vir; no que virá; ele, o Salvador, o Messias, o Filho de Deus. Não foi dito isso antes, mas se faz agora, pois cada ano a liturgia enfoca um evangelista, que para 2018, é Marcos o apontado, como aqui o temos em seus primeiros versículos. Dentre os evangelistas, é Marcos que procura mostrar quem é Jesus e o demonstra como sendo o “Filho de Deus”, já no início e ao longo de todo o seu escrito. Jesus é o mensageiro de Deus, que anuncia e atualiza os acontecimentos do Reino (v 2). E este mensageiro é o Filho. Jesus é apresentado como Filho de Deus, e nele se cumpre as profecias. No conjunto se mostra João Batista, como precursor. João é apenas a voz, enquanto Jesus é a Palavra. A voz chama a atenção para a mensagem, enquanto a Palavra oferece e é o conteúdo da mensagem. O texto de Isaias (em hebraico, é sem pontuação) aqui evocado, permite duas linhas de interpretações: 1ª) “Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparai o caminho do Senhor…” e a 2ª) “Esta é a voz daquele que grita: No deserto preparai o caminho do Senhor…”. A 1ª) destaca a “voz”, o brado, o chamando à preparação; e a 2ª) destaca o local de preparação “no deserto”, situação. Ora o “grito no deserto”, não é uma voz perdida; pelo contrário é a voz que irrompe no silencio, e, portanto, não pode deixar de ser notada. O “grito” é o apelo veemente à escuta (shemá). Assim todos são convocados à preparação do caminho do Senhor. O Senhor virá e usará um caminho, e o caminho é o ser humano: eu, você, todos. Desde que Deus escolheu vir ao mundo como humano, em Jesus, não há outro caminho melhor para chegar a Deus, e Ele vir a nós. Portanto a vida deve ser ajustada, preparada para que Deus chegue às pessoas e as pessoas cheguem a Deus pela minha, pela sua vida. É o referente à primeira interpretação. Quanto à segunda, trata do modo ou condições de preparar o caminho. O deserto é local de dificuldades. E é precisamente nas dificuldades que devemos preparar nossos ajustes de vida, endireitando nosso modo de ser. As provações tornam-se condições para a conversão e propicia a chegada de Deus na vida das pessoas. Preparemos este caminho!
Veja aqui a reflexão de Dom Alberto sobre Mc 1,1-8: