A) Texto: Mc 16,15-20
Jesus se manifestou aos onze discípulos 15e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura! 16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. 19Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus. 20Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam.
B) Comentário
“Jesus se manifestou”. Ora, após a Ressurreição ocorre algo interessante: o reconhecimento da pessoa de Jesus, como tal. Ele manteve longa convivência com os discípulos e amigos, antes de sua paixão e morte. Mas depois que ressuscitou ninguém o identificou logo, num primeiro “lance” de encontro; necessitaram da ajude do próprio mestre para o seu reconhecimento. Ele foi confundido com vários: jardineiro (Jo 20,15), viandante (Lc 24,13-35), comprador de peixes (Jo 21,5) … É sempre Jesus quem toma iniciativa na identificação de sua pessoa; ele se revela; se manifesta. A manifestação e encargo da missão são dados ao colegiado dos apóstolos (doze). Aqui falta um dos membros, pois Judas Iscariote é a fração negativa do grupo, que depois se recompõe na eleição de Matias (At 1,21-26). O Deus que chama é o Deus que envia, não há outro! Aquele que chama é exatamente o mesmo que envia. É assim que acontece no perfil do Filho de Deus: ora Jesus convida a si: “Vinde”! (Mc 1,17); ora ele aponta a partir de si para… (a missão) “Ide”! (Mc 16,15). O mestre é o ponto de partida e o de chegada da vida e missão de todo discípulo, que se torna “apóstolo=enviado”, significado da própria palavra. “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!” (v 15). No 4º evangelho, o destinatário do anúncio é “toda criatura” que significa mais bem os humanos, conforme os evangelhos sinóticos que em situação paralela dizem a “todas as nações” (Mc 13,10; Mt 28,19). É bom lembrar, que Jesus antes de sua “paixão-morte-ressurreição” era ele o sujeito pregador; e que após a Ressurreição, ele é o objeto pregado. Os apóstolos receberam esta missão e hoje nós somos os pregadores. “Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado” (v 16). A pregação dos apóstolos sobre a fé, não tem o objetivo de formação apenas da inteligência e sim a salvação em Jesus Cristo. A adesão não se trata só da inteligência, mas da vontade e do coração de cada pessoa. A fé é necessária para a salvação; mas não é suficiente, requer o batismo. “Será salvo // será condenado”. Eis dois verbos que se contrapõem. Diante da mensagem do evangelho só existem dois modos de agir: o da fé, e o da incredulidade. O primeiro leva à salvação (Rm 1,16), e o segundo à condenação (1 Cor 1,18). Portanto cuidemos de nossa fé, e peçamos a ajuda do Senhor (Mc 9,24).