A) Texto: Mc 9,2-10
2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram esta ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos
B) Comentário
A luz é o principal elemento teofânico, ou seja, elemento natural que manifesta e mostra o sobrenatural de Deus aos humanos. Ela é o primeiro dos elementos criados por Ele ao dizer: “Haja luz” (Gn 1,1); Luz e fogo representam Deus no pacto ou aliança com Abraão: “eis que uma fogueira fumegante e uma tocha de fogo passaram entre os animais divididos” (Gn 15,17); Um “espetáculo pirotécnico” de luz, fogo, é contemplado pelo povo da aliança na recepção da lei do Senhor presente no Sinai: “Toda a montanha do Sinai fumegava, porque Iahweh (Deus) descera sobre ela no fogo” (Ex 19,18); Moisés em contato com a Luz que é Deus volta iluminado: “Quando Moisés desceu da montanha do Sinai… não sabia que a pele de seu rosto resplandecia porque havia falado com ele. Olhando Aarão e todos os filhos de Israel para Moisés, eis que a pele de seu rosto resplandecia; e tinham medo de aproximar-se dele” (Ex 34,29-30). A luz em Moisés, não tinha fonte nele. Nós somos um material fosforescente, não temos luz própria! Para sermos luz neste mundo de trevas, devemos estar continuamente em sintonia com o Senhor, para clarear onde quer que estejamos. No texto, aparecem com Jesus os grandes personagens do Antigo Testamento: Moisés (Lei) e Elias (Profetas) conversando com ele (v 4). Jesus se destaca como superior aos dois; Ele é quem permanece. A veste branca do mestre indica sua pertença ao mundo celeste. Logo Jesus fica só, como síntese de toda a Lei e os Profetas (v 8). Jesus dissera um dia: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Ora, o evento da transfiguração é a transformação luminosa da figura de Jesus; de todo o seu ser, inclusive as suas vestes (v 3). A narrativa quer mostrar a vida divina presente na pessoa de Jesus. A experiência da transfiguração dará forças aos discípulos e à comunidade primitiva cristã, na superação da prova no mistério da paixão do Senhor, para assim compreender melhor, o sucesso final, com a sua Ressurreição. Para nós é clave a voz do Pai (v 7) no “Shemá”; na escuta de Seu Filho amado.