Por Padre Romeu Ferreira
A) Texto: Mc 9,38-43.45.47-48
38João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. 39Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagre em meu nome para depois falar mal de mim. 40Quem não é contra nós é a… favor. 41Em verdade eu vos digo, quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. 42E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço. 43Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na vida sem uma das mãos do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 45Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na vida sem um dos pés do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. 47Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no reino de Deus com um olho só do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48‘onde o verme deles não morre e o fogo não se apaga’”.
B) Comentário
Celebra-se o dia da Bíblia no último domingo de setembro, dia de S. Jerônimo, cuja vida foi dedicada a que todas as culturas tivessem acesso à Bíblia, pelos originais. A morte dos santos é o seu dia, pois nascem ao Eterno. Da morte de S. Jerônimo (30.09) passa ao último domingo do mês. O texto hodierno oferece o diálogo de Jesus e João, ensinando aos leitores, sobre o que seja proibido ou não, na vida de fé. E logo, João diz: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. Jesus o repreende (v 39), dando abertura genial para o ecumenismo, pois ninguém se arrogue o direito de impedir que se faça o bem em nome de Jesus, só porque não é de seu grupo. Jesus não é posse exclusiva de ninguém; ele é de todos e para todos. O grupo de João foi sempre muito ciumento (3,17; 10,35-40; Lc 9,54-55) e Jesus controla os ânimos. Da a entender que a responsabilidade do triunfo do bem sobre o mal, fosse tarefa só de um grupo ou Igreja. Mas o Espírito de Deus pode agir em qualquer pessoa independente do seu credo, declara Jesus. Quem combate a mesma luta com Cristo, está com ele. Às vezes nossa mentalidade impede a ação ecumênica em vencer o mal. Quando Jesus usa o pronome “nós” (v 38-40) indica a perfeita comunhão entre ele e os discípulos, e vice-versa. Jesus denuncia a gravidade do escândalo (v 42). O discípulo que se encontrar na alternativa entre o dano do pequeno e a morte violenta, deve escolher a segunda como opção. De igual maneira, diante do dano espiritual e a renúncia dolorosa na imagem da amputação (pé, mão, olho), deve escolher esta última. A fé dos pequenos é preciosa aos olhos de Deus. Claro que Jesus não nos quer mutilados, mas ensina que a vida com ele é o bem de valor supremo e até mais que nossa vida terrena. O rompimento com Deus neste mundo não se restaura no outro. O preferir Deus nasce do amor por Ele; da fé imensa em sua riqueza e bondade capaz de preencher qualquer desejo e não pelo temor do inferno. Quem conhece Deus como Jesus nos revela, não se escandaliza com o evangelho.