Homilia Dominical – Mt 24,37-44

 

A) Texto: Mt 24,37-44.

37“A vinda do Filho do homem será como no tempo de Noé. 38Pois, nos dias antes do dilúvio, todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. 39E eles nada perceberam até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do homem. 40Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado e o outro será deixado. 41Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada e a outra será deixada. 42Portanto, ficai atentos porque não sabeis em que dia virá o Senhor. 43Compreendei bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. 44Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do homem virá”.

B) Comentário
Nos primórdios do tempo eclesial ou cristianismo, a espera do retorno de Cristo era tão forte que induzia a enganos como a fuga, o desinteresse, ou escândalo pela demora de sua volta. Por tal razão, a catequese primitiva se ocupou com afinco sobre o dever do empenho constante de cada um em viver o que Jesus ensinou, e do significado na demora de sua segunda vinda.
O texto de hoje ressalta a importância da conversão e do esforço contínuo em viver já agora a plena vida instruída pelo mestre, e de que ele virá, a qualquer instante (v 44). Está patente que a sua vinda será como um exame sem data (v 42) e sem hora (v 44) marcada; não há calendário. Portanto, requer a vigilância a toda prova, para sair bem na “prova” do mestre. É por isso que ele nos ensina bradando: “ficai atentos porque não sabeis em que dia virá o Senhor” (v 42). E remarca com cores fortes o determinado dizendo: “Compreendei bem isto: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada” (v 43).

A atitude do dono da casa em ser vigilante, deve ser a de todos. Quem deseja ou quer que sua casa seja arrombada? Qual a maneira de evitar tamanho dano?
Jesus, para assinalar a certeza e o modo de sua segunda vinda, explora a imagem quase irreverente (o Filho do homem virá como um… ladrão) para indicar a dramática chegada de improviso de seu esperado retorno. O mestre usa imagens da vida corriqueira do trabalho, seja do homem que da mulher, nas azafamas da jornada: “Dois homens estarão trabalhando no campo… (v 40)”; “Duas mulheres estarão moendo no moinho… (v 41)”. É curioso constatar a referência da dupla companhia: dois e duas. A vida parece que vai transcorrendo em seu ritmo normal de parceria, sem nenhum alarde. E assim, de repente, surge o momento da prestação de contas; não haverá um tempo de preparação, já se deve estar preparado, preparada.

O que fora dito antes se refere a Jesus. Já da nossa parte, cabe entender que o tempo da espera deve ser fecundo em relação ao nosso comportamento com as pessoas carentes. E há várias modalidades de carência.
Há um grande perigo se pensarmos: Que temos a ver com o mundo dos humanos? O que esperamos é o Reino de Deus! Corremos o risco de que ele venha não do modo que imaginamos.

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