Igreja e sínodo são sinônimos

Eta expressão “Igreja e sínodo são sinônimos”. Foi usada pelo Papa Francisco, citando São João Crisóstomo, no seu discurso na comemoração do 50° aniversário da Instituição do Sínodo dos Bispos, em 17 de outubro de 2015. Este conceito expressa que a sinodalidade é nota constitutiva da Igreja, pois “a Igreja outra coisa não é que o “caminhar juntos” do rebanho de Deus nas estradas da história ao encontro de Cristo Senhor”. Daí decorre que uma Igreja que demonstra uma “escassa” sinodalidade é também uma Igreja pouco “eclesial”.

Para Francisco, o conteúdo deste “caminhar juntos” é muito concreto. Ele afirma que “uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta, na consciência de que escutar é mais que ouvir. É uma escuta recíproca na qual cada um tem alguma coisa a aprender. Povo fiel, Colégio episcopal, Bispo de Roma: cada um na escuta dos outros e todos na escuta do Espírito Santo, o “Espírito da Verdade” (Jo 14,17), para conhecer o que Ele “diz às Igrejas” (Ap 2, 7)”.
Entendemos que estas são, efetivamente, palavras decisivas, pois nos levam a contemplar o “desígnio trinitário” do Espírito na nossa vida e também nos “convocam” (isto é, nos “chamam juntos” e não um por um!) para acolher e fazer frutificar o “dom pascal” da unidade, colaborando assim para a edificação crescente do Reino de Deus, que é “reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz”.

A esta altura precisamos nos perguntar: como podemos viver concretamente para ser uma igreja sinodal? O que precisamos fazer para aumentar a sinodalidade em nossa igreja arquidiocesana? A Comissão Teológica Internacional no seu documento intitulado “Sinodalidade na vida e na missão da Igreja”, individuou os seguintes traços indispensáveis para uma igreja em efetivo estilo sinodal:

1. Escuta. “Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta recíproca na qual cada um tem alguma coisa a aprender (conscientes de que escutar é mais que apenas ouvir). É uma escuta recíproca na qual cada um tem alguma coisa a aprender: “Povo fiel, Colégio episcopal, Bispo de Roma! Cada um na escuta dos outros; e todos na escuta do Espírito Santo, o “Espírito da Verdade” (Jo 14,17), para conhecer o que Ele “diz às Igrejas” (Ap 2, 7)” – (Papa Francisco – Discurso na comemoração do 50° aniversário da Instituição do Sínodo dos Bispos – 17 de outubro de 2015).

2. Processos de discernimento comunitário. Estes processos de discernimento são ligados às autênticas manifestações do sensus fidei e do sensus fidelium. Sobre este tema trataremos na próxima semana.

3. Participação e corresponsabilidade. Consequência da atenção à escuta e ao discernimento comunitário como elementos essenciais de um estilo sinodal de Igreja, temos a eclesiologia do Povo de Deus do Concílio Vaticano II que coloca em relevo a comum dignidade de todos os batizados no exercício da variedade e da riqueza ordenada de seus carismas, de suas vocações e seus ministérios. Todos os batizados participam do sacerdócio de Cristo e exercem, cada um segundo seu modo próprio, os três múnus de Cristo: profeta, sacerdote e rei. Todos somos chamados a participar, ativamente, da missão da Igreja, na potência do Espírito Santo. A Igreja é convocada a realizar a passagem pascal do “eu”, individualisticamente entendido, ao “nós” eclesial, onde cada eu, sendo revestido de Cristo, vive e caminha com os irmãos e irmãs como sujeito responsável e ativo na única missão do povo de Deus.

4. Carismas. “A Igreja é chamada a ativar em sinergia sinodal os ministérios e os carismas presentes na sua vida para discernir os caminhos da evangelização em escuta da voz do Espírito. Hoje se fala de “co-essencialidade” entre dons hierárquicos e carismáticos na Igreja (n. 74).

5. Relacionamentos e diálogo. O documento final do sínodo sobre os jovens, afirma: “é nos relacionamentos – com Cristo, com os outros, na comunidade – que a fé é transmitida. Esta dinâmica dos relacionamentos, encontro e diálogo é o caminho da Igreja hoje. E o Papa Francisco lembra que a dimensão “intergeracional” é um elemento irrenunciável desta dinâmica. Jovens e adultos precisam sentir-se uns parte dos outros, para compartilhar, aprender e inspirar-se, mutuamente.

Estas atitudes nos tornam, simultaneamente, eclesiais e sinodais; sinodais e eclesiais. Contudo, não podemos esquecer que para “fazer sinodalidade ocorre promover uma verdadeira cultura de comunhão”.

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