Eis mais alguns números do Documento de trabalho para a etapa continental – ALARGA A TUA TENDA – em preparação para o Sínodo 2021-2024.
Lemos no n. 41 que “A Igreja é portadora de um anúncio de vida em plenitude: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). […] A missão da Igreja é tornar Cristo presente no meio do seu povo através da leitura da Palavra, da celebração dos Sacramentos e de todas as ações que tomam cuidado de quem está ferido ou sofredor. “É necessário que todos na Igreja entremos num processo de conversão para dar resposta a esta exigência que comporta propor o kerigma como anúncio e escuta fundamental de Cristo crucificado e ressuscitado para nós. […] Daqui à importância de regressar à essência da vida cristã e do primeiro amor, e regressar às nossas raízes como as primeiras comunidades, ou seja, aquelas em que tudo era em comum” (CE Costa Rica).
O número 42 ressalta que o Espírito Santo impulsiona à plenitude da nossa vocação cristã. “Alargar a tenda” é o coração da ação missionária. Por isso, uma Igreja sinodal representa um poderoso testemunho do Evangelho no mundo: “O Espírito Santo está a impulsionar-nos a uma renovação de estratégias, compromissos, dedicação e motivação para caminhar juntos, alcançando os mais afastados, difundindo a Palavra de Deus com entusiasmo e alegria, usando os nossos talentos, dons e capacidades, assumindo novos desafios e provocando mudanças culturais à luz da fé e da vida da Igreja” (CE Venezuela). As sínteses dão voz ao sonho de uma Igreja capaz de se deixar interpelar pelos desafios do mundo de hoje e de lhes responder com transformações concretas: “O mundo precisa de uma “Igreja em saída”, que rejeite a divisão entre crentes e não crentes, que olhe para a humanidade e lhe ofereça mais do que uma doutrina ou uma estratégia, uma experiência de salvação, um “golpe de dom” que atenda ao grito da humanidade e da natureza” (CE Portugal).
O número 43 destaca, por sua vez, que a missão da Igreja deve acontecer no hoje da história. “A sinodalidade é um chamado de Deus a caminhar com toda a família humana. Em muitos lugares, os cristãos vivem no meio de pessoas com outras crenças ou não crentes e estão empenhados num diálogo feito de quotidianidade e partilha de vida: “Vem cultivado um clima social de diálogo também com aqueles que praticam a religião africana tradicional e com qualquer outra pessoa ou comunidade, qualquer que seja a confissão religiosa a que pertence” (CE Senegal, Mauritânia, Cabo Verde e Guiné Bissau). As sínteses indicam, contudo, que ainda há muito caminho a percorrer em termos de intercâmbio e colaboração social, cultural, espiritual e intelectual”.
O número 44 diz claramente que “as feridas da Igreja estão intimamente ligadas às do mundo”. De fato, as sínteses falam dos desafios do tribalismo, do sectarismo, do racismo, da pobreza e desigualdade de gênero na vida da Igreja e do mundo. Uganda faz eco a muitos outros países, notando que “os ricos e os instruídos são mais ouvidos”. A síntese das Filipinas ressalta que “muitos que pertencem às classes mais baixas da sociedade e aos marginalizados sentem-se também excluídos da Igreja”. Outras sínteses assinalam o influxo, sobre a vida das comunidades eclesiais, das discriminações étnicas e de uma cultura fundada sobre o tribalismo. Estas realidades não só constituem o pano de fundo da nossa missão, mas definem também o seu objetivo e finalidade: a mensagem do Evangelho que a Igreja tem o dever de anunciar deve converter também as estruturas de pecado que mantêm prisioneiras a humanidade e a criação. (Contínua na próxima semana).