Disse Jesus 11 “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida por suas ovelhas. 12 O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. 13 Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15 assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. 16 Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. 17 É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida para depois recebê-la novamente. 18 Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai”.

Comentário

No texto, Jesus apresenta-se como o bom pastor (v 11). Tal qualidade exemplar de pastor, pastor ideal, já é identidade de Iahweh, de Deus, no Antigo Testamento. Deus é o pastor que conduz o seu povo e repreende os pastores de Israel quando estes não atuam bem, quando não são bons pastores (Ez 34,11-34). Assim, Jesus tem as mesmas prerrogativas de Deus, e agindo como Ele, se mostra sendo bom pastor, que cuida das ovelhas, e que o conhecimento entre ovelhas e pastor é mútuo (v 14).
Este conhecimento como relação entre Jesus e suas ovelhas é um conhecimento muito mais que intelectual, ele é vital, que gera e renova a vida, pois é o mesmo que ele tem com o Pai: “Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai” (vv 15-16). É um modo vital de conhecer; é “como o dele com o Pai”, um conhecimento que é trato familiar, como deveria ser toda e qualquer ação pastoral, característica própria ou concernente ao pastor.
“Eu dou minha vida pelas ovelhas” (v 15), diz Jesus. Esta postura é o que diferencia o pastor do mercenário, que não se dispõe e nem põe em risco a própria vida; é egoísta e não se preocupa com a situação das ovelhas. Em ocasião limite, o privilegiado dos discípulos disse a Jesus: “eu darei a minha vida por ti” (Jo 13,37). O mestre o faz pensar e pesar na balança da vida a fragilidade humana na negação diante do medo (Jo 13,38).
O mercenário amedronta-se diante do lobo que ataca as ovelhas. Pedro, que com medo negara o mestre, recupera a coragem na força do amor por Jesus que acolhe a resposta do apóstolo e finalmente lhe confia seu rebanho – se me amas – “apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17).
O mestre declara ainda no texto: “É por isso que o Pai me ama” (v 17). E qual é a razão deste amor? É a de que Jesus pode dar a sua vida e logo recuperá-la (vv 17-18).
Portanto, toda pessoa que se empenha na luta pela recuperação de vidas, seja a sua que a de outros, certamente está envolvida e movida pelo amor eterno de Deus, senhor da vida.
Jesus tem como meta de sua atividade e que deve ser a de todo cristão, a unidade: “haverá um só rebanho e um só pastor” (v 16).
Enquanto o ódio desagrega, só o amor congrega. O pastor dos pastores nos ensina que a única via de valor para a unidade é o amor. Aprendamos, pois!

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