A) Texto: Jo 10,27-30
Disse Jesus: 27“As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. 29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”.

B) Comentário
Jesus se dirige ao público declarando: “As minhas ovelhas escutam a minha voz” (v 27). É necessário pertencer ao rebanho de Cristo, pertencerá Igreja, para entender, para escutar a instrução emanada de sua voz; da voz do mestre.

Pelas palavras e comportamento das pessoas, podemos saber a quem elas pertencem. “Escutar” é a atitude de empenho e atenção, para absorver e viver as palavras que nos chegam. “Escutar” a palavra de Deus é o que requer o Senhor em primeiro plano na orientação de seu povoeleito, dizendo: “Escuta Israel o Senhor teu Deus” – ‘Shemá Israel’ (Dt 6,4).

O povo é de Deus, na medida em que lhe obedece pela escuta de Sua palavra.Assim sendo, se distingue dos outros povos. As palavras são de Jesus, e as ovelhas são posse dele, quando as identifica:minhas ovelhas, minhas palavras. “As minhas ovelhas escutam a minha voz”!

Num contexto mais amplo (Jo 10,22-30), a relação dos judeus com Jesus é tensa: ora eles o querem lapidar (v 31), ora o querem prender (v 39).

Jesus demonstra que não se trata de clareza de seu anúncio (v 24) e sim, questão de fé de seus interlocutores. É preciso ser de seu rebanho para entender, equerer sua voz (v 25-27).

A recuperação do cego é sinal evidente da messianidade de Jesus (v 25; Mt 11,2-6); e alguns judeus parecem ter entendido: “Porventura pode um demônio abrir olhos de cegos?” (Jo 10,21). O cego de nascença compreendeu (Jo 9,35-38), mas os judeus não. A cegueira deles é voluntária e fatal, pois eles não aportam nenhum esforço para reconhecer Jesus como Messias; não são de seu rebanho.

Quem é Jesus? Ele não é apenas um “enviado”, o Messias; é também Aquele que constitui com o Pai a unidade; “uma coisa só” na intimidade com o Pai.
Jesus nos revela sua natureza concluindo: “Eu e o Pai somos um” (v 30). É a expressão da unidade do Filho com o Pai e vice-versa.É certeza de segurança aos pertencentes a Cristo; pois nenhuma de suas ovelhas se perderá (v 28), já que ele, garante dizendo: “ninguém vai arrancá-las de minha mão”; “e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai” (v 28s). A mão do Pai e a do Filho, são mãos firmes;mãos que salvam. ‘“Senhor, salva-me!” Jesus estendeu a mão prontamente e o segurou…’ (Mt 14,30s); “Jesus, porém, tomando-o pela mão, ergueu-o, e ele se levantou” (Mc 9,27; Mt 8,15.23; Mc 5,41s). Ele nos toma pela mão, ele não nos deixa só. Quem está com o Filho está com o Pai, e quem é defendido pelo Filho é amparado pelo Pai.

Quem somos nós, na relação do Pai com o Filho e do Filho com o Pai? Ora, um presente é expressão de amor ou gratidão entre as pessoas. Pelo texto, somos o presente do Pai para o Filho, pois este diz: “Meu Pai, que me deu estas ovelhas” (v 29). Portanto, cabe-nos, todo o esforço, em sermos a verdadeira imagem do amor de Deus neste mundo.

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