A) Texto: Jo 20,19-23
19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles disse: “A paz esteja convosco”. 20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.21 Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, eu também vos envio.” 22E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23 A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, ele lhes serão retidos”.

B) Comentário
Aqui temos a referência ao dia da semana, o Domingo, a situação dos apóstolos, com o estado de ânimo deles (medo e fechados). E logo tem a sequência, na atualização do perdão dos pecados, outorgado pelo mestre.
Jesus introduz sua mensagem com: “A paz esteja convosco”. Essa é a saudação típica do Ressuscitado. Ele o faz por duas vezes no texto, indicando a veracidade da saudação (Dt 19,15).

A melhor maneira para entender em profundidade, o Evangelho de João, é a leitura feita a partir da Ressurreição de Jesus e suas aparições. Neste domingo há três vertentes: Ressurreição, Aparição e Missão.
Celebramos Pentecostes, que é a Festa maior em tempo pleno, como resultado da Ressurreição (7×7+1=50; “chegada à plenitude dos tempos, Deus mandou o seu Filho…”(Gl 4,4)´na plenitude do tempo pascal` Deus manda o Espírito Santo), 50 dias após a Páscoa. Esse dia seguinte às sete semanas, depois da Páscoa, ocorre o Pentecostes. Ele torna-se o tempo completo cronos, e o tempo oportuno kairos, para receber e oferecer. Receber o Espírito e agir pelo Espírito.

Jesus é enviado, e envia: “como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E já dissera: “Quem vos recebe, a mim recebe, e quem me recebe, recebe ao que me enviou” (Mt 10,40). Há um elo forte, íntimo, que vem desde as origens até à meta da missão projetada.

Ora, o Espírito (= Pneuma, em grego, língua original do Novo Testamento) está presente no início da criação e no final dela, como sopro de Deus que paira sobre as águas e que gera o homem, como resultado da ação divina. Assim, o Espírito (Pneuma) que normalmente se traduz como sopro, vento, ar; mas não é correto. O Pneuma (Espírito), não é sopro e sim o resultado do sopro. A palavra bíblica “Espírito”, nos dá no original o significado, pois toda palavra (substantivo grego) terminada em “ma” como Espírito (Pneuma) é uma palavra passiva; ou seja, ela é o resultado da ação. Assim sendo, a Igreja e a missão, nascem em Pentecostes, no Espírito Santo, como resultado da ação de Deus nas pessoas.

A presença do Espírito Santo afugenta o medo e nos faz capazes de agir como Jesus, que enviado nos envia de igual maneira, e com idêntica capacidade.

O alento e vigor do Espírito Santo, nos capacitam a prosseguir com alegria e confiança a missão que Jesus, enviado do Pai, nos confia e nos envia. Portanto, empreendamos o caminho, que é longo e promissor!

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