A) Texto: Jo 6,41-51

41 Os judeus começaram a murmurar a respeito de Jesus, porque havia dito: “Eu sou o pão que desceu do céu”. 42 Eles comentavam: “Não é este Jesus o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como então pode dizer que desceu do céu? 43 Jesus respondeu: “Não murmureis entre vós. 44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. 45 Está escrito nos profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído vem a mim. 46 Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. 47 Em verdade, em verdade vos digo, quem crê possui a vida eterna. 48 Eu sou o pão da vida. 49 Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50 Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer nunca morrerá. 51 Eu sou o pão vivo descido de céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.

B) Comentário

Prossegue o tema eucarístico. “Os judeus começaram a murmurar a respeito de Jesus”, por seu discurso (v 41). E o que é murmuração? É o fruto da incompreensão da ação de Deus; é a rebelião diante da vontade divina, presente no itinerário de formação do povo da Aliança: “O povo murmurou contra Moisés” (Ex 15,24). E a Torá vai dizendo, que: “Toda a comunidade dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Aarão no deserto” (Ex 16,2). Desta forma comentam os líderes: “Iahweh vos dará esta tarde carne para comer, e pela manhã pão com fartura, pois ouviu a vossa murmuração contra Ele… Não são contra nós as vossas murmurações, e sim contra Iahweh” (Ex 16,8; 17,3).
A murmuração é manifestação negativa: “Todos os publicanos e pecadores se aproximavam para ouvi-lo. Os fariseus e escribas, porém, murmuravam” (Lc 15, 1s). A regra mestra do povo de Deus a ser observada é a convocação a escutá-Lo, pelo comando dado no Deuteronômio (Dt 6,4). Os conceituados: escribas e fariseus faziam o contrário, pois quem murmura não escuta e sim quer ser escutado.
Aqui Jesus se define como: “o pão que desceu do céu” (v 41); “o pão da vida” (v 48); “o pão vivo” (v 51). Quem é Jesus? Ele declara: “Eu sou o pão” por excelência; alimento eterno.
Para os judeus neste caso, o conceito que implica “pão” está vinculado ao prodígio do “Maná” que alimenta o povo na experiência do caminho pelo deserto.
Também se divulgava de que o local de origem de alguém dizia muito sobre a pessoa: “De Nazaré pode sair algo de bom?” (Jo 1,46). Jesus é de ”Belém”, que significa “casa do pão” (hebraico) e também “casa da carne” (árabe). Jesus nasce na convergência dos filhos (Isaac; Ismael) do pai da fé: Abraão.
O mestre veio para alimentar a unidade: único povo, único Deus, única fé. E anuncia: “Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo” (v 51).
O povo pediu no Antigo Testamento, alimento para a caminhada; e que foi dado por Deus mediante Moisés na carne e pão (Ex 16). Agora Jesus se apresenta como a solução nutritiva e definitiva. Ele é pão e carne que nutre em dimensão plena da vida.

Colunistas