Jornada Diocesana da Juventude 2021: “Eu te constituo testemunha do que viste. Levanta-te!” (At 26, 16)

Introdução
Todos os anos no Domingo de Ramos, a Igreja celebra a Jornada Diocesana da Juventude (JDJ). A JDJ é celebrada, mundialmente, em cada uma das dioceses da Igreja e faz parte do processo de preparação para a Jornada Mundial da Juventude que se celebra a cada dois ou três anos.

A coordenação do Setor Juventude de cada diocese é quem organiza a celebração dessa jornada envolvendo as mais variadas expressões juvenis nela existentes. A proposta dessa jornada juvenil, sempre muito animada e rica de muitos eventos, não parte dos bispos das dioceses, mas do próprio Santo padre, o Papa. Começou com São João Paulo II, em 1985 e, atualmente, conta com a atenção e o carinho do Papa Francisco.

A JDJ tem como finalidade, muito mais do que comemoração festiva, continuar o processo de aprofundamento da fé dos jovens a partir de um tema específico; trata-se, portanto, de uma jornada profundamente formativa. Por ter surgida, a partir da vontade do papa, a JDJ, tem também como objetivo estimular nos jovens o sentido de comunhão com o Papa e fortalecer a consciência de pertença à Igreja.

1. Preparando a JMJ Lisboa 2023

Com o tema da JDJ, a juventude já está fazendo um caminho de preparação para grande Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2023 que será realizada em Lisboa, e terá como tema «Maria levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1,39).

O tema de cada ano da JDJ tem uma íntima relação com aquele da JMJ. E, assim, a cada ano, dentro de um processo formativo, a juventude católica vai vivenciando um itinerário de preparação para JMJ onde, em geral, se encontram milhões de jovens católicos durante uma semana com o Papa.

O tema da JDJ do ano passado foi «Jovem, eu te digo, levanta-te!» (cf. Lc 7,14). O tema deste ano, 2021, é «Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!» (cf. At 26,16). 

Como podemos perceber nos três temas há, em comum, o verbo “levantar” (-se). Trata-se de um convite à promoção do protagonismo juvenil. Os jovens estão sendo, insistentemente, convidados a “levantarem-se” para testemunhar ao mundo e dentro da Igreja as riquezas da fé e dos valores que trazem na mente no coração.

  1. A JDJ Ano 2O21

A partir do tema «Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!» (cf. At 26,16) a Comissão Nacional da Pastoral Juvenil elaborou um subsídio como proposta para o estudo desse tema, incluindo diversas experiências, tais, como: estudos, terços, leitura orante, via sacra, prática da solidariedade, etc.

O versículo que nos é proposto para estimular a reflexão com as juventudes nos mais variados contextos socioeclesiais da Pastoral Juvenil do Brasil é tirado do livro dos Atos dos Apóstolos e está inserido no testemunho da conversão e da consciência vocacional de São Paulo diante do Rei Agripa. Acusado de ser um transgressor da lei judaica, Paulo defende com firmeza e coragem o próprio ministério apelando para o mandato divino que recebeu (cf. At 26, 4-12).

Todavia, Paulo relata que após uma profunda experiência com Deus, foi despertado da sua ignorância, tomou consciência do seu erro (violência), se arrependeu e se converteu a Deus (cf. At 26, 19-21). Compreendeu a história da revelação de Deus através dos profetas, e de Moisés, que anunciava que o Messias havia de sofrer, ressuscitar dentre os mortos e que seu nome deveria ser pregado a todas as nações e, de modo particular, aos pagãos (cf. Até 26, 22-23). Ao ouvir esse testemunho, Festo, o procurador Romano, para provocá-lo, disse: “você está ficando louco, Paulo! todo esse seu saber o está levando à loucura”. Mas Paulo respondeu: “não estou ficando louco, excelentíssimo Festo, mas estou falando palavras verdadeiras e sensatas” (At 26,25).

  1. A consciência de ser chamado

O tema da JDJ deste ano é um grande estímulo para que os jovens cresçam na tomada de consciência da própria vocação e sejam capazes de testemunhá-la em todos os contextos da própria vida. Esta narração sobre a conversão de Paulo está inserida num dramático contexto existencial de incompreensão, forte pressão psicológica, desprezo por sua pessoa, rejeição das suas convicções e ameaça de condenação à morte. Apesar, da hostilidade, Paulo não se deixa levar pela pressão e se mantém íntegro, firme e sereno, testemunhando que sabia das razões da própria esperança (cf. 1Pe 3,15).

Também os jovens de hoje, estão vivendo num contexto muito delicado, cheio de pressões negativas por causa da pandemia. Com a difusão dessa doença, aumentou a manifestação aguda de muitos problemas juvenis, tais como, a pobreza, o desemprego, a solidão, o vazio existencial, os conflitos familiares, o suicídio, etc.

Também é bem verdade que, nesse tempo de pandemia, milhões de jovens foram desafiados ao testemunho da própria fé e virtudes humanas. São jovens que levantam-se, estão de pé, não se deixam abater pelas pressões, alimentam a experiência de Deus, mantém-se resilientes e percebem a oportunidade da solidariedade para com os mais necessitados e estão comprometidos no engajamento eclesial servindo com alegria e criatividade, tudo na área da comunicação e da animação musical.

 

  1. Jovens fortes e corajosos

Um dos mais sérios desafios para os jovens, adultos e idosos neste tempo de pandemia, está sendo a promoção da saúde mental. Para que ela seja fortalecida e preservada, é necessário alimentarmos a nossa vida espiritual que encontra na Palavra de Deus o seu combustível essencial. Por isso, conhecendo os desafios do mundo juvenil do seu tempo, o salmista se questionou: “Como pode um jovem conservar pura a sua vida?’ E ele mesmo deu a resposta, dizendo: “meditando a Palavra de Deus” (cf. Sl  119,9).

A Palavra de Deus educa a mente, a compromete a confiar em Deus, a tranquiliza, estimula bons pensamentos e a incentiva à prática das boas ações. A experiência da intimidade com a Palavra de Deus é encontro com Deus. E isso faz toda a diferença.

Recordemos as palavras de Deus ao jovem Josué, aquele que foi o substituto de Moisés na liderança do povo de Deus rumo à terra prometida. “Ninguém poderá resistir a você durante toda a sua vida. Assim como estive com Moisés, estarei também com você: nunca o abandonarei nem o deixarei desamparado. Seja firme e corajoso… Não se desvie… você terá sucesso em todos os seus empreendimentos” (Js 1,5-7).

Para serem fortes e corajosos, os jovens precisam de uma profunda, sólida base catequética e múltiplas experiências formativas. Esse é o trabalho da pastoral juvenil. A todos os jovens, Jesus repete as palavras pronunciadas ao filho da viúva de Naim, que estava morto: «Jovem, eu lhe ordeno, levante-se!» (Mt 7,14).

PARA REFLEXÃO PESSOAL:

  1. Ler o Capítulo 26 dos Atos dos Apóstolos: o que mais lhe tocou?
  2. O que ajuda os jovens a serem fortes e corajosos nas dificuldades?
  3. O que mais contribui para a prostração dos jovens hoje?

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