A) Texto: Lc 23,1-49.

¹Toda a multidão levou Jesus a Pilatos. ²Começaram então a acusá-lo dizendo: Achamos este homem fazendo subversão entre nosso povo, proibindo pagar impostos a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, o rei. ³Pilatos o interrogou: Tu és o rei dos judeus? Jesus respondeu, declarando: Tu o dizes! 4Pilatos disse aos sumos sacerdotes e à multidão: Não encontro neste homem nenhum crime…5-46.47O oficial do exército romano viu o que acontecera e glorificou a Deus, dizendo: De fato! Este homem era justo. 48E as multidões, que tinham acorrido para assistir, viram o que havia acontecido e voltaram para casa, batendo no peito. 49Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que o acompanhavam desde a Galiléia, ficaram a distância, olhando essas coisas.

B) Comentário
A multidão é a que antes acompanhava Jesus em seu magistério e recebia dele, cura e tantos outros benefícios. Agora, ela, a multidão, o acompanha a Pilatos, até como cumplice da condenação do Bem, que é o próprio Jesus. “Há pessoas que pagam o bem com o mal”; transformam o bem em mal, enquanto Jesus transforma o mal em bem. Isto já se passara com a história de José do Egito (prefigura de Cristo): “O mal que tínheis intenção de fazer-me, o desígnio de Deus o mudou em bem” (Gn 50, 20). Assim sendo, embora acusado e maltratado, Jesus faz o bem e suplica por todos: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (v 34). Quanto, e quanto temos que apreender na escola de Jesus! Na história da salvação!

Pilatos não encontra nenhum mal em Jesus (v 4.14.22), mas não tem caráter nem força para superar a maldade da multidão, e o entregue para ser crucificado (v 25). Pilatos parecia bom; mas na vida, “é da covardia dos bons, que se prevalecem os maus!”… E em consequência, Jesus segue pela via da amargura, com o peso da cruz, aliviado com ajuda de Cireneu (v 26). Por um lado, quem sabe o quanto e como nos valeria um Cireneu nas agruras da via de nosso calvário existencial! E por outro lado, o Cristo aceitou ser ajudado; será se aceitamos e valorizamos as ajudas que nos chegam? Atenção: o orgulho é o pior tropeço no caminho da salvação!

Jesus é crucificado entre dois ladrões: um o insulta, e o outro o suplica. O da súplica se deu bem, é o bom ladrão; tão bom, que “roubou” até o paraíso… (v 43). Para Deus, no cômputo final, conta muito mais o coração, a disposição interna da consciência, do que a situação externa das pessoas. Deus conhece o ser humano em sua totalidade: o conhece por dentro e por fora (Sl 138). O reconhecimento da culpa é chave que abre a alma do pecador, para o perdão: “Nem se quer temes a Deus,… Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal… Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu reinado”! (v 40-42). A resposta de Jesus, mestre Sofredor, foi imediata e consoladora: “Em verdade eu te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso”. O bem não pode ser adiado; hoje, agora mesmo! No instante em que nos abrimos ao Senhor, somos beneficiados. Aprendamos, e não deixemos para depois o bem que agora podemos fazer!

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