A) Texto: Lc 9,18-24:

18Jesus estava rezando num lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então, Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou?” 19Eles responderam: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou”. 20Mas Jesus perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “O Cristo de Deus”. 21Mas Jesus proibiu-lhes severamente que contassem isso a alguém. 22E acrescentou: “O Filho do homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da lei, dever ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. 23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará”.

B) Comentário
Como é bom ver os evangelhos atestando a intensa e constante vida de oração de Jesus! Ora a sós (Mt 14,23), ora em companhia de seus discípulos como o temos no texto hodierno. E a oração é a energia e identidade do cristão.
O mestre reclama de seus alunos: “Não fostes capazes de vigiar comigo por uma hora! Vigiai e orai, para que não entreis em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26, 41). É na oração que podemos conhecer Jesus e o que ele quer de cada um de nós: “Quem dizem o povo que eu sou”?… “E vós, quem dizeis que eu sou”? (v 18-20).

Hoje, no texto , Lucas nos dá a primeira confissão messiânica de Jesus (v 20), que sai dos lábios de Pedro.
Em hebraico se diz “Meshiah”, em grego “Christós”, e em português Cristo. Do hebraico “Meshiah”, vem resultar em português “Messias”.
Ora, se Jesus não é o Batista nem Elias, nem um dos grandes profetas do passado, não cabe dúvida de que seja o Messias, “O Cristo de Deus”. Pedro assim conclui e se destaca no grupo apostólico, quanto ao conhecimento de Jesus.
Mas o mestre quer precisar seu messianismo: sofrimento e morte. Jesus é Messias de morte e ressurreição.
É na morte e não no triunfo, que Jesus cumpre a sua missão confiada pelo Pai. Mas a última palavra não é a morte e sim a vida, a Ressurreição (v 22).
O mestre indaga sobre sua identidade. Há uma curiosidade imensa diante deste homem tão diferente e ao mesmo tempo tão semelhante aos demais!
Quem é ele? As maravilhas de Deus nos trazem sempre interrogantes como o “Maná” (= ‘Que é isto’? = ‘Quem é ele’?). “Quem diz o povo que eu sou?” (v 18). “E vós, quem dizeis que eu sou?” (v 20). E quem sou eu para ti?

Pergunta Jesus agora. Será se posso responder hoje, com toda sinceridade que Jesus é o Cristo de Deus? Que espaço ocupa Jesus na minha vida, nos meus planos de ação? Não é difícil dizer “eu creio” quando estou rezando na Igreja…

Para responder ou indicar quem seja Jesus, requer renúncia interior e exterior pessoal, e assumir as intempéries da vida, seja elas quais forem; exige assumir o peso da responsabilidade de ser cristão em todo e qualquer lugar, e a todo o momento. Implica também num ritmo de seguimento daquele que é o caminho certo, estando nele, para uma identificação plena.

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