O associacionismo no Concílio Eumênico Vaticano II (3)

 

Introdução
A s reflexões sobre a importância do associacionismo na pastoral juvenil, está dentro da pluriformidade do engajamento dos leigos na Igreja.
O Concílio Ecumênico Vaticano II, em diversos documentos, reconheceu ser um direito dos leigos participarem do dinamismo da vida eclesial na modalidade tanto individual quanto associada. A seguir apresentamos brevemente alguns acenos presentes em vários documentos do referido Concílio.

A Igreja sempre prezou pelas muitas formas de associacionismo. Mas dinamismo e as características das diversas formas de associacionismo estão condicionadas aos tempos, culturas, sujeitos envolvidos, carismas etc.
O associacionismo está dentro da dimensão comunitária da espiritualidade cristã. A Igreja é uma família, uma comunidade, “uma nação santa”… De fato, em seu interior há uma grande variedade de organizações, movimentos, grupos, instituições onde as pessoas se engajam, crescem, trabalham, testemunham a fé e trabalham pelo Reino de Deus.

1. Na Constituição Dogmática LUMEM GENTIUM, sobre a vida da Igreja, a experiência do associacionismo está relacionada à diversidade de modos de cooperação dos leigos com a ordem dos presbíteros e bispos. Os ministros ordenados não estão isolados mas, juntos e em comunhão, trabalham para a edificação do corpo de Cristo, que é a Igreja (cf. LG, 28).

2. A Constituição Dogmática SACROSSANCTUM CONCILIUM, que fala sobre a liturgia, estimula a pessoa do pároco, na qualidade de colaborador do bispo, a assumir o compromisso de perceber a necessidade de reunir os fiéis em grupos vários, os quais têm lugar na paróquia (cf. SC, 42). Uma ideia muito significativa nos apresenta a Sacrossanctum Concilium: o lugar do autêntico Associacionismo Eclesial é a paróquia. É uma forma de atuação dos leigos que pressupõe senso de comunhão.

3. A Constituição Pastoral GAUDIUM ET SPES, em linhas gerais, afirma que os leigos, movidos pelo dever do testemunho da fé, podem participar de muitas formas associativas, seja na política, na economia, como também em prol das causas da família… As diferentes obras, sobretudo, as associações de famílias, procurem fortalecer, com a doutrina e a ação, os jovens e os esposos, especialmente os recém-casados, e formá-los para a vida familiar, social e apostólica (cf. GS, 75)

4. No decreto APOSTOLICAM ACTUOSITATEM, sobre o apostolado dos leigos, o associacionismo é apresentado como uma forma de compromisso apostólico dos leigos. O Decreto desenvolve o tema da importância da forma associativa de apostolado, e fala da estima e do cuidado com que se devem acompanhar as associações dedicadas especialmente a objetivos apostólicos (cf. AA 18, 19, 21).

5. O tema do associacionismo aparece também na Declaração GRAVISSIMUM EDUCATIONIS, quando fala da metodo­logia educativa; afirma que a Igreja valoriza e promove o espírito do Evangelho, dentre outros meios, o das “associações juvenis” (cf. GE,4). O Associacionismo está vinculado aos meios para a promoção da Pastoral, portanto, não tem um fim em si mesmo, mas é de razão instrumental e metodológica.

6. No Decreto sobre a Formação Sacerdotal, OPTAM TOTIUS, as associações católicas são reconhecidas e convida­das a cultivarem a dimensão vocacional entre os adolescentes (cf. OT 2). O Associacionismo tem uma dimensão vocacional e deve ser instrumento de promoção vocacional.

7. No Decreto AD GENTES, sobre a atividade missionária da Igreja, a questão do associacionismo é vista a partir do dinamismo organizativo de uma comunidade cristã. Desde o seu início a comunidade deve ser constituída de tal maneira que possa, na medida do possível, prover por si mesma as suas necessidades. A comunidade dos fiéis animada pela fé deve “organizar associações e agrupamentos por meio dos quais o apostolado dos leigos possa penetrar do espírito evangélico em toda a sociedade” (AG,15). A forma associativa de caridade contribui para o brilho da Igreja entre os católicos de rito diferente (cf. AG,15).

Os leigos, colaborando com a promoção da evangelização, são chamados a fomentar não só o conhecimento e o amor pela missionariedade, mas também suscitando vocações na família e nas associações católicas e nas escolas (cf. AG, 41). Aqui associacionismo aparece como campo de atuação e de responsabilidade da promoção dos próprios leigos.

8. À guisa de conclusão podemos afirmar que o Associacionismo tem muitas dimensões e, por isso, é bem-vindo, mas deve ser incentivado, promovido e acompanhado. A finalidade das Associações católicas não é outra que contribuir para com a promoção da atividade missionária da Igreja. Por isso, o associacionismo católico supera o simples instinto de coletividade dos fiéis e torna-se forte sinal de paixão por Jesus e seu Reino, promovendo à convivência fraterna, a formação do coração e da mente dos fiéis.

PARA A REFLEXÃO PESSOAL:
1 – Por que a Igreja estimula e promove as Associações?
2 – Qual deve ser o caráter das relações entre os leigos associados e os ministros ordenados?
3 – A Declaração Gravissimum Educationis insere o Associacionismo católico no contexto educativo. Como atuam “associações ou grupos”, pastoralmente, mal-educados?

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