PALAVRA DE VIDA – DEZEMBRO

“Bem-aventurada aquela que acreditou, porque se cumprirá o que lhe foi dito da parte do Senhor.” (Lc 1,45)

Também neste mês, a Palavra de Vida nos propõe uma Bem-aventurança. É a saudação alegre e inspirada de uma mulher, Isabel, dirigida a outra mulher, Maria, que foi até ela para ajudá-la. Sim, porque ambas esperam um filho e ambas, pessoas de profunda fé, acolheram a Palavra de Deus e experimentaram, na própria pequenez, o quanto ela é capaz de gerar vida.

No Evangelho de Lucas, Maria é a primeira bem-aventurada, aquela que experimenta a alegria da intimidade com Deus. Com esta bem-aventurança, o evangelista introduz a reflexão sobre a relação entre a Palavra de Deus anunciada e a fé que acolhe essa Palavra, entre a iniciativa de Deus e a livre adesão da pessoa.

“Bem-aventurada aquela que acreditou, porque se cumprirá o que lhe foi dito da parte do Senhor.”

Maria é aquela que verdadeiramente acreditou na “promessa feita a Abraão e à sua descendência, para sempre”1. Ela é tão vazia de si mesma, humilde e aberta à escuta da Palavra, que o próprio Verbo de Deus pode se fazer carne em seu ventre e entrar na história da humanidade.

Ninguém pode fazer a experiência da maternidade virginal de Maria, mas todos nós podemos imitar a sua confiança no amor de Deus. Se a Palavra, com suas promessas, for acolhida de coração aberto, ela pode se encarnar também em nós e tornar fecunda nossa vida de cidadãos, pais e mães, estudantes, trabalhadores e políticos, jovens e velhos, sadios e doentes.

Masse a nossa fé for incerta, tal como aconteceu com Zacarias2? Continuemos a nos confiar à misericórdia de Deus. Ele não desistirá de nos procurar, enquanto também nós não chegarmos a descobrir novamente sua fidelidade e o bendissermos.

“Bem-aventurada aquela que acreditou, porque se cumprirá o que lhe foi dito da parte do Senhor.”

Naquelas mesmas colinas da Terra Santa, em tempos bem mais próximos de nós, outra mãe de profunda fé ensinava a seus filhos a arte do perdão e do diálogo, aprendida na escola do Evangelho: um pequeno sinal, naquela terra, berço de civilizações, que desde sempre busca paz e estabilidade, também entre fiéis de religiões diferentes. Margaret conta: Quando éramos pequenos, algumas crianças da vizinhança nos ofenderam com expressões de rejeição. Nossa mãe disse: “Convidem essas crianças a vir à nossa casa”. Vieram, e ela mesma lhes deu pão caseiro recém-assado, para que o levassem às suas famílias. Desde então, temos construído relações de amizade com aquelas pessoas3.

Também Chiara Lubich nos apoia nessa fé corajosa: Depois de Jesus, Maria é a pessoa que melhor e mais perfeitamente soube dizer “sim” a Deus. É sobre tudo nisso que consiste a sua santidade e a sua grandeza. Se Jesus é o Verbo, a Palavra encarnada, Maria, por causa de sua fé na Palavra, é a Palavra vivida; mas é criatura como nós, igual a nós. […] Também nós somos chamados a ter, diante da Palavra de Deus, a mesma atitude de Maria, isto é, de total disponibilidade. Acreditar, portanto, com Maria, que se realizarão todas as promessas contidas na Palavra de Jesus e enfrenta-se necessário, como ela fez, o risco do absurdo que sua Palavra às vezes comporta.

Coisas grandes e pequenas, mas sempre maravilhosas, acontecem com os que acreditam na Palavra. Poderíamos escrever livros e mais livros com os fatos que o comprovam. […] Quando, na vida cotidiana, ao ler as Sagradas Escrituras, nos encontrarmos com a Palavra de Deus, abramos nosso coração para escutá-la, com a fé de que aquilo que Jesus nos pede e promete-se realizará. Não tardaremos a descobrir […] que Ele cumpre as suas promessas4.

“Bem-aventurada aquela que acreditou, porque se cumprirá o que lhe foi dito da parte do Senhor.”

Neste tempo de preparação para o Natal, recordemos a surpreendente promessa que Jesus nos fez, de estar presente entre aqueles que aceitam e vivem o mandamento do amor mútuo: “Onde dois ou três estão unidos em meu nome”– isto é, justamente no amor evangélico –“eu estou no meio deles” 5.

Confiantes nessa promessa, façamos Jesus renascer também hoje, em nossas casas e em nossas ruas, pela aceitação mútua, a escuta profunda do outro, o abraço fraterno como aquele entre Maria e Isabel.

Letizia Magri

1)Cf. Lc 1,55.
2) Cf. Lc 1,5-25; 67-79.
3) Cf. cittanuova tv – Entrevista com Margaret Karram.
4)LUBICH, Chiara. A alegria de crer. Palavra de Vida, agosto de 1999.
5) Cf. Mt 18,20.

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