Purgatório existe, graças a Deus

Olá, meu irmão é minha irmã. No último dia 2 de novembro celebramos o “Dia dos Fiéis Defuntos”.

Como sabemos é um dia dedicado à lembrança e, principalmente, oração pelos falecidos. Embora esse segundo ponto, parece, não ser muito claro.

Do dia 2 de novembro, acompanhando alguns telejornais e também redes sociais, algo chamou minha atenção. Talvez seria mais preciso dizer que causou um certo incômodo.

As reportagens giravam em torno das visitas nos cemitérios, falavam das celebrações eucarísticas indicando horários. Entrevistavam pessoas que visitavam sepulturas de parentes e amigos, que acendiam velas, deixavam flores. As reportagens também falavam acerca da saudade. Outras reportagens eram sobre o comércio em frente ao cemitério, sobre o trânsito. Mas no final, invariavelmente, todos os assuntos convergiam para “homenagem aos entes queridos”.

Sem dúvida que há sim esse aspecto de homenagear aquelas pessoas que amamos e não se encontram entre nós. Não pretendo negar isso. Entretanto, não é esse o sentido essencial do dia de finados.

Dia 2 de novembro, para quem é católico não se resume a uma simples homenagem. Se ficamos apenas na homenagem desconsideramos que os que morreram, continuam existindo. Sim, existem! Existem naquela dimensão da Igreja que denominamos Padecente.

A Igreja Católica é imanente e transcendente. A Igreja é uma realidade que tem três dimensões: militante (nós que caminhamos neste mundo), padecente (os irmãos falecidos que estão no purgatório) e Triunfante (aqueles que já estão no Céu).

Ao falar de purgatório, muita gente pensa que é um “mini inferno”.

Mas a realidade do purgatório era omitida. Certamente muitos dos entrevistados e entrevistadores se dizem católicos, mas, talvez não creiam no purgatório. Talvez tenha faltado catequese. Não sei!

A Igreja ensina: “Os que morrem na graça e amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu” (CIC, 1030). Veja, ninguém pode morar no Céu sem estar completamente puro.

Continua a Sã Doutrina: “A Igreja denomina purgatório está purificação final dos eleitos, sendo completamente distinto do destino dos condenados” (CIC, 1031), ou seja, o Inferno.

O sentido (omitido nas entrevistas), de 2 de novembro é o sufrágio das almas que estão no purgatório e não somente homenagear.

Essa purificação não deixa de ser padecimento. Qual é o padecimento das almas do purgatório? É desejarem ardentemente estarem no Céu, morando com Deus, mas ainda não poderem. E a razão desse impedimento foi causado por escolhas erradas feitas livremente.

Esse padecimento purificador é, muitas vezes chamado “fogo”. É, sem dúvida, uma linguagem simbólica para indicar o sofrimento purificador. É o que ensina Dom Estevão Bettencourt (Curso de Escatologia).

O Dia dos Fiéis Defuntos tem o sentido de rezarmos pelas almas, para que elas habitem na Jerusalém Celeste o mais breve possível.

Somos nós, aqui da Igreja militante que rezamos pelos que estão na Igreja padecente. Para que adentrem na Igreja Triunfante.

Graças a Deus o purgatório existe. É manifestação da Misericórdia de Deus.

Deus é Pai amoroso, misericordioso. O Pai sempre quer os filhos perto.

Porém, um lembrete! Nossa salvação depende da conjunção de duas vontades: Vontade de Deus e da nossa vontade. Ele quer, mas nós queremos?

Certamente diremos que sim. Mas não basta dizer, é preciso viver de acordo com esse querer.

Deus nos chama, nos procura. Nos faremos de surdos? Nos esconderemos?

Se assim fizermos poderemos, estar rejeitando, inclusive, a graça do purgatório.

Por Misericórdia, sigamos buscando pensar com a Igreja no serviço da Verdade.

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