Ao ler o documento preparatório e o vademécum de orientações para o período de escuta na primeira fase de preparação ao sínodo, a que acontece nas igrejas particulares, isto é, nas dioceses do mundo, encontramos indicações preciosas para este momento novo que a Igreja está vivendo. Nos números 29-30 do documento preparatório lemos assim: “O caminho sinodal, apresenta uma peculiaridade interessante: o seu objeto – a sinodalidade – e também o seu método. Constitui uma espécie de estaleiro de obras que permite começar a colher imediatamente os frutos do dinamismo que a conversão sinodal introduz na comunidade cristã. As experiências de sinodalidade vivida, com os seus pontos fortes e os seus sucessos, assim como os seus limites e as suas dificuldades, oferecem elementos preciosos para o discernimento sobre a direção na qual continuar a caminhar. Na Igreja já se experimentam formas de “caminhar juntos” na vida do dia a dia, mesmo quando o termo sinodalidade nem sequer é conhecido ou utilizado”.

A questão fundamental é: Anunciando o Evangelho, uma Igreja sinodal “caminha em conjunto”: – Como é que este “caminhar juntos” se realiza hoje na nossa Igreja particular? – Que passos o Espírito nos convida a dar para crescermos no nosso “caminhar juntos”? Para responder estas perguntas é preciso relembrar as experiências de sinodalidade em nossa Igreja particular e enumerar:

a) Que alegrias proporcionaram?
b) Que dificuldades encontraram?
c) Que feridas fizeram emergir?
d) Que intuições suscitaram?

Onde, nestas experiências, ressoa a voz do Espírito? O que ela nos pede? Quais são os pontos a confirmar, as perspectivas de mudança, os passos a dar? Onde alcançamos um consenso? Que caminho esse abrem para a nossa Igreja particular?

Neste percurso sinodal encontramos diferentes articulações da sinodalidade. Três níveis em que a sinodalidade se articula como «dimensão constitutiva da Igreja»: – O plano do estilo em que a Igreja normalmente vive e atua, realiza-se através «da escuta comunitária da Palavra e da celebração da Eucaristia, da fraternidade da comunhão e da corresponsabilidade e participação de todo o povo de Deus, nos seus vários níveis e na distinção dos diversos ministérios e funções, na sua vida e na sua missão»; – O plano das estruturas e dos processos eclesiais, determinados inclusive dos pontos de vista teológico e canônico, em que a natureza sinodal da Igreja se manifesta de maneira institucional a nível local, regional e universal; – O plano dos processos e eventos sinodais em que a Igreja é convocada pela autoridade competente, em conformidade com procedimentos específicos, determinados pela disciplina eclesiástica.

Estes três planos referem-se uns aos outros e devem manter-se unidos de maneira coerente, caso contrário transmite-se um contratestemunho, minando a credibilidade da Igreja. Com efeito, se não se encarnar em estruturas e processos, o estilo da sinodalidade degrada-se facilmente do nível das intenções e dos desejos para aquele da retórica: enquanto processos e eventos, se não forem animados por um estilo adequado, não passam de formalidades vazias, seus Pastores, também através dos organismos de participação previstos pela disciplina canônica, incluindo o sínodo diocesano) e às comunidades em que se subdividem (de modo particular as paróquias). Em seguida, considera as relações dos Bispos entre si e com o Bispo de Roma, inclusive através dos organismos intermediários de sinodalidade (Sínodos dos Bispos das Igrejas patriarcais e arquiepiscopais maiores, Conselhos de Hierarcas e Assembleias de Hierarcas das Igrejas sui iuris, Conferências Episcopais, com as suas expressões nacionais, internacionais e continentais).

Por conseguinte, estende-se à maneira como cada uma das Igrejas particulares integra em si mesma a contribuição das várias formas de vida monástica, religiosa e consagrada, de associações e movimentos laicais, de instituições eclesiais e eclesiásticas de diferentes tipos (escolas, hospitais, universidades, fundações, instituições de caridade e de assistência, etc.). Para finalizar, esta perspectiva abrange também as relações e as iniciativas comuns com os irmãos e as irmãs das demais Confissões cristãs, com os quais partilhamos o dom do mesmo Batismo.

A segunda perspectiva tem em consideração o modo como o Povo de Deus caminha em conjunto com toda a família humana. Assim, o olhar contemplará o estado das relações, do diálogo e das eventuais iniciativas comuns com os crentes de outras religiões, com as pessoas afastadas da fé e igualmente com ambientes e grupos sociais específicos, com as respectivas instituições (mundo da política, da cultura, da economia, das finanças, do trabalho, sindicatos e associações empresariais, organizações governamentais e da sociedade civil, movimentos populares, minorias de vários tipos, pobres e excluídos, etc.). Na próxima semana continuaremos com os dez núcleos temáticos a serem aprofundados.

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