Estamos para celebrar a Solenidade de São João Batista, o Precursor. Em sua Festa, será instalado o Santuário de São João Batista e Nossa Senhora das Graças (1), em Icoaraci, no roteiro de oito lugares especiais de peregrinação e oração, existentes ou a serem instalados em nossa Arquidiocese de Belém, a saber: na Região Santa Maria Goretti, o Santuário de Nossa Senhora de Nazaré (2), existente há vários anos em nossa Igreja de Belém, que celebra o centenário de seu título basilical; a Região Santa Cruz já tem o Santuário na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Pedreira (3); para a Região Sant’Ana, já instalado o Santuário São Judas Tadeu (4); a Região Menino Deus terá seu Santuário na Paróquia de Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa (5); a Paróquia Nossa Senhora do Ó, em Mosqueiro, será o Santuário (6) para a Região do mesmo título; a devoção a Santa Rita de Cássia fará sua Paróquia o Santuário da Região São Vicente de Paulo (7) e a Região Coração Eucarístico de Jesus terá o Santuário (8) na Paróquia de Nossa Senhora do Bom Remédio.
Cada Santuário será lugar de oração, pelo menos duas Celebrações Eucarísticas por dia, atendimento de Confissões e Direção Espiritual, testemunho de ações pastorais, além de atividades específicas: a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré tem seu eixo no Círio de Nazaré e devoção mariana, Visitas da Imagem Peregrina às Regiões Episcopais e outras visitas, Livro das Peregrinações que preparam o Círio e expansão da devoção a Nossa Senhora de Nazaré, com visitas a várias partes do Brasil. A Paróquia Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida é o ponto de referência para a devoção a Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, Comunhão com a Igreja no Brasil e a CNBB, divulgação e estudo dos Documentos da Igreja, Congressos Mariais e realização da Romaria anual da Arquidiocese a Aparecida. O Santuário de São Judas Tadeu cuida da devoção popular a São Judas e estará atento à Pastoral das Ilhas e Pastoral dos Ribeirinhos. Na Região Menino Deus, Santuário Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa, primeira Paróquia de Ananindeua, com 80 anos em 2023, será o centro de devoção mariana e peregrinações dos Municípios de Ananindeua e Marituba, Pastoral Catequética e Pastoral Juvenil. A Região São Vicente de Paulo terá a Paróquia Santuário de Santa Rita de Cássia, Santa das Causas impossíveis, cuidando especialmente da Pastoral Familiar, devoção específica a Santa Rita e aos santos e santas. Na Paróquia Santuário de Nossa Senhora do Ó, criada no dia 10 de outubro de 1868, uma das mais antigas da Arquidiocese, cuidaremos da Pastoral do Turismo e da Dimensão Carismática da Igreja. A Paróquia Santuário de Nossa Senhora do Bom Remédio terá a atenção voltada para as Pastorais Sociais, Pastoral da Saúde e dos Enfermos. E o Santuário de São João Batista e Nossa Senhora das Graças, instalado na Festa do Precursor, terá seu foco na Nova Evangelização e a Pastoral Litúrgica.
Temos uma responsabilidade, nascida da Palavra do Senhor: “Vós sois a luz do mundo. Uma cidade construída sobre a montanha não fica escondida. Não se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa, mas sim no candelabro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,14-16). A vida que dá testemunho de Nosso Senhor Jesus Cristo é nossa montanha e lugar alto. E o Evangelho proclamado neste final de semana nos provoca positivamente: “Todo aquele, pois, que se declarar por mim diante dos homens, também eu me declararei por ele diante do meu Pai que está nos céus.” (Mt 10,32-33).
Com a força do exemplo de São João Batista, podemos perguntar-nos sobre o modo adequado de dar testemunho! Primeira resposta pode vir do fato de que nenhum de nós veio a este mundo por acaso, mas todos temos uma missão. Não se trata de um destino cego, mas uma disposição nascida do amor de Deus, cuja realização passa pela nossa liberdade. Zacarias, pai de João Batista, entreviu a missão do filho, vindo para preparar os caminhos do Senhor, anunciando ao seu povo a salvação (Cf. Lc 1,68-79). A nosso respeito, vale lembrar a Carta aos Efésios: “Em Cristo, segundo o propósito daquele que opera tudo de acordo com a decisão de sua vontade, fomos feitos seus herdeiros, predestinados a ser, para louvor da sua glória, os primeiros a pôr em Cristo nossa esperança” (Ef 1,11-12). Nós o glorificamos dando testemunho de sua obra de amor e salvação.
João Batista deu testemunho vivendo, não para si, mas para um outro, abrindo estradas! Como alguém que, no Tribunal da Vida, atesta ser verdadeiro o Senhor que vem. Podemos perguntar-nos se deixamos rastros pelos quais o Senhor pode passar! E João Batista afirmou ser até indigno de desamarrar as sandálias do Senhor. Estando na prisão, continuou dando testemunho com seu silêncio, tendo sabido que um mundo novo havia chegado. E, máxima altura do testemunho, “perdeu a cabeça”, degolado por intrigas palacianas. Certamente o pensar com a cabeça e os sentimentos de Cristo é a estrada do testemunho mais qualificado. “Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que no Cristo Jesus. Ele, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano. E humilhou-se, fazendo-se obediente até a morte – e morte de cruz! Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome” (Cf. Fl 2,5-9).
O Evangelho exige ainda a coragem, vencendo o medo dos desafios, ameaças, perseguições e calúnias. Nosso tempo é época de rejeição da verdade e dos valores cristãos. Não nos deixemos afogar pela mentalidade mundana. Coragem para nadar contra a correnteza, quando a vida é vilipendiada, a natureza destruída, os povos tradicionais rejeitados e desvalorizados, em sua história e propriedades. Há que se reconhecer a voz, muitas vezes ignorada, da Igreja, pensando na expressiva e época Encíclica “Laudato si”, do Papa Francisco, ou os “sonhos” de sua Exortação Apostólica “Querida Amazônia”. Pensemos nas iniciativas do Papa pela paz, pelos direitos dos migrantes e dos mais pobres, suas iniciativas de diálogo!
Dar testemunho significa realizar obras coerentes com a fé que professamos. Queremos rezar assim o salmo 14 (15), pedindo a coragem para testemunhar com mãos limpas e puro o coração: “Senhor, quem pode habitar na tua casa? E morar no teu santo monte? Aquele que vive sem culpa, age com justiça e fala a verdade no seu coração; que não diz calúnia com sua língua, não causa danos ao próximo e não lança insulto ao vizinho. A seus olhos é desprezível o malvado, mas honra quem respeita o Senhor. Mesmo se jura com prejuízo para si, não muda; se empresta dinheiro é sem usura, e não aceita presentes para condenar o inocente. Quem agir deste modo ficará firme para sempre”.