A) Texto: Lc 3,10-18.

Naquele tempo 10 as multidões perguntavam a João: “Que devemos fazer?” 11 João respondia: “Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não tem; e quem tiver comida faça o mesmo!” 12 Foram também para o batismo cobradores de impostos e perguntaram a João: “Mestre, que devemos fazer?” 13 João respondeu: “Não cobreis mais do que foi estabelecido”. 14 Havia também soldados que perguntavam: “E nós, que devemos fazer?” João respondia: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!” 15 O povo estava na expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. 16 Por isso, João declarou a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. 17 Ele virá com a pá na mão: vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro; mas a palha, ele a queimará no fogo que não se apaga”. 18 E ainda de muitos outros modos João anunciava ao povo a boa-nova.

B) Comentário

“Mestre, que devemos fazer?” (v 12). Esta é a pergunta principal do texto. O mais importante é o comportar, o agir.
É curioso, pois o mestre parece não querer ensinar doutrinas e sim práticas para a vida cotidiana; sinal do que se conclui no primeiro contato com a leitura.
A inquietação dos receptores da mensagem se manifesta na mesma direção – que se deve fazer – surgida de três classes de ouvintes discípulos: 1) multidões (v 11); 2) cobradores de impostos (v 12) e 3) soldados (v 14). Onde está você, onde estou eu neste painel humano da pregação do Batista: na primeira, na segunda ou terceira classe?
Ninguém está fora dessa; procure seu lugar para melhor atuar.
Caso não esteja eu ou você entre os cobradores de impostos, ou soldados, não podemos deixar de estar entre os que compõem as multidões. Elas são massas humanas indeterminadas quanto à idade, tamanho, saúde, ou mesmo condição social.
Todos nós somos convocados a partilhar o que temos, com as pessoas: “Quem tiver duas túnicas dê uma quem não tem; e quem tiver comida faça o mesmo!” (v 11). Haveria indicação mais segura e clara que esta para suavizar a miséria no mundo? Para um “Natal sem fome”?
A pregação e atuação de João Batista eram tão benéficas para todos, que pensavam que ele mesmo seria o Cristo, o Messias esperado (v 15 // Jo 1,19-23).
Então o pregador procura esclarecer, procura tirar as pessoas da confusão e levá-las a identificarem o verdadeiro Messias. De forma que o Batista confronta a si mesmo com a superioridade de Jesus. E isso tudo desde a natureza do batismo: um com água e outro com fogo e o Espírito Santo; ao mesmo tempo balanceia a sua pessoa com a própria pessoa de Jesus a quem a chama “mais forte do que eu” (v 16).
Ora, há neste caso um batismo prefigurativo, com um dom provisório advindo da pregação joanina; e logo, a chegada do batismo definitivo, com o dom escatológico – Espírito Santo – trazido por Jesus. Nós somos os destinatários e propagadores de seu efeito em nós, e de projetá-lo na vida das demais pessoas.

Leia nossos Colunistas