Um pequeno grande livro (19)

Há pessoas tidas e havidas, não vem ao caso se com ou sem razão, como polêmicas. Diante delas não se fica indiferente. Uns amam-nas. Outros as odeiam.
A pessoa mais polêmica de todos os tempos, em meu entender, foi Jesus.
Ficando em nosso meio; para alguns, que não são poucos, este unzinho aqui é uma delas. Não faz muito, alguém a quem não conheço, a quem nunca vi, postou nas redes sociais que eu não tenho nada de padre. A titulo de curiosidade, respondi-lhe que tinha sim, ao menos uma coisa, por sinal que essencial: fora ordenado padre para todo o sempre.
Refrescando lhe a memória: quem me ordenou foi o querido e saudoso Dom Vicente Joaquim Zico, em 25 de janeiro de 1992, à noite, na mesma igreja em que fui batizado em maio do ano em que nasci, 1930, em nossa imponente catedral metropolitana. E pedi-lhe, se desejasse me ajudar, que elencasse o que, a seu ver, faltava para eu ter, não apenas a cara, mas também tudo o mais que um padre deve ter.
Até agora só tive como resposta, infelizmente, seu silêncio.
Uma das figuras mais polêmicas de nosso Brasil foi, quero crer, Dom Hélder Câmara, sobre quem o livro “o monge e o pastor”, que aqui venho dissecando, tece os maiores encômios, ao contrário de um senhor, cujo nome Júlio Loredo, para mim, confesso, um ilustre desconhecido, que o desanca em longo artigo, intitulado “quem foi realmente Dom Hélder Câmara?”, encontrado por mim, casualmente, na internet.
Antes de vê-los, peço vênia a meus possíveis leitores para sintetizar a biografia de Dom Hélder.
Hélder Pessoa Câmara nasceu em Fortaleza, a bela e aprazível capital do Estado do Ceará, no dia 7 de fevereiro de 1909. É o décimo primeiro filho de João Eduardo Torres Câmara Filho, jornalista, crítico teatral e funcionário de uma firma comercial, e da professora primária Adelaide Pessoa Câmera. Desde cedo manifestou o desejo de ser padre. Em 1923, portanto aos quatorze anos de idade, ingressou no Seminário Diocesano de Fortaleza, conhecido popularmente como Seminário da Prainha, então dirigido pelos padres da Missão, chamados padres Lazaristas, congregação religiosa à qual pertenceu nosso querido e saudoso Dom Vicente Zico. Nele Hélder cursou o ginásio e concluiu os cursos de Filosofia e Teologia.
A formação nesse Seminário abominava o iluminismo, A Revolução Francesa, o tenentismo e o Partido Comunista Brasileiro. O comunismo era visto como o “mal dos males”, enquanto a defesa do capitalismo era a meta, ela e a defesa da pátria contra o “perigo vermelho.”
No final do curso de Teologia, Hélder passou por forte crise vocacional, durante a qual chegou a pensar que poderia contribuir mais com a Igreja como um simples leigo à altura de dois grandes vultos do catolicismo de então: Jackson de Figueiredo e Alceu Amoroso Lima, conhecido também como Tristão de Ataíde, um dos maiores líderes da Ação Católica no Brasil.
Depois de meses de oração, graças aos conselhos de sua mãe e do Padre Tobias, cujo sobrenome não lembro, superou a crise e convenceu-se de que deveria mesmo ser padre.
Na semana vindoura continuaremos a ver a trajetória de vida, aqui e ali sofrida, de nosso Dom Hélder.
Shalom!

Leia nossos Colunistas