Continuemos a ver, embora sinteticamente, a biografia de Dom Hélder Câmara, a partir de onde ficamos na edição da semana passada de “Miscelânea”, quando iniciamos essa, pra mim, fascinante tarefa, ou, melhor dizendo, prazerosa aventura.
Vencida a forte crise vocacional por que passara no final do curso de Teologia, sobre a qual falamos na citada edição, Hélder foi ordenado presbítero no dia 15 de agosto de 1931 (a título de curiosidade: um ano depois de meu nascimento) por Dom Manuel da Silva Gomes, arcebispo de Fortaleza. Para isso foi preciso conseguir autorização especial da Santa Sé, uma vez que a idade mínima para a ordenação sacerdotal era de vinte e quatro anos, ao passo que ele, então, só tinha 22.
Celebrou sua primeira Missa no dia seguinte, 16 de agosto. Pouco depois, recebeu a missão de coordenar os Círculos Operários cristãos e a de iniciar a Juventude Operária Católica, JOC.
Em outubro do ano de sua ordenação presbiteral, 1931, Severino Sombra fundou a Legião Cearense do Trabalho, que arregimentou grande parte da elite cearense, chegando a contar com quinze mil inscritos.
A Legião se declarava anticapitalista, antiburguesa e anticomunista e acreditava ser preciso combater o individualismo e recuperar o corporativismo medieval.
Foi nesse mesmo período que Hélder organizou a JOC (Juventude Operária Católica), segundo a orientação ideológica da Legião Cearense do Trabalho, fundada, como vimos há pouco, por Severino Sombra.
Em poucos meses, a JOC congregou cerca de dois mil rapazes pobres, aos quais oferecia alfabetização e alimentação.
Dois anos depois, ou seja, em 1933, pe. Hélder fundou a Sindicalização Operária Feminina Católica, que congregava lavadeiras, passadeiras e empregadas domésticas, que sindicalizou e às quais possibilitou, além de aulas de escrita, de leitura e cálculo, aulas de educação artística e religiosa e de nacionalismo.
Em 1932, Plínio Salgado fundou, em São Paulo, a Ação Integralista Brasileira, logo após o lançamento do Manifesto de Outubro pela Sociedade de Estudos Políticos.
A Ação Integralista Brasileira tinha como divisa o lema “Deus, Pátria e Família.”
Visando organizá-la nacionalmente, Plínio Salgado entrou em contato com dirigentes estudantis ligados à Igreja Católica. O escolhido, do Ceará foi o já citado Severino Sombra, que não pôde assumir essa missão por estar exilado em Portugal, pelo que, o convite foi feito a pe. Hélder Câmara, a Jeová Mota e a Ubirajara Índio do Ceará.
De seu exílio, Severino Sombra enviou uma carta aos três, seus amigos, recomendando-lhes que não aceitassem o convite, por não concordar com o comando único de Plínio Salgado.
O que aconteceu depois veremos em nossa edição vindoura, se Deus nô-lo permitir. Até lá.
Shalom!