Um pequeno grande livro (22)

Continuemos a ver, nesta edição de “Miscelânea”, a trajetória do, então, padre Hélder Câmara, a partir de onde ficamos na edição passada.

Com o crescimento de sua notoriedade, em 1934 o Centro Cearense de Educação incumbiu-o de ir ao Maranhão e ao Pará para defender neles os interesses da entidade.

Aqui em nossa Belém convenceram-no a participar de uma conferência de operários.

Nela ele ouviu duras críticas ao integralismo e a Plínio Salgado, seu fundador. Repudiaram-lhe a presença na cidade. Tamanho foi o repúdio que fizeram-lhe o enterro simbólico, exibindo-lhe o caixão em praça pública, mais precisamente na Praça da Sé, àquela época Largo da Sé, aos gritos de “fora, galinha verde.” Assim eram alcunhados depreciativamente os integralistas.

Nesse mesmo ano, 1934, ele foi a todas as cidades do Ceará com a finalidade de conseguir que os católicos votassem em peso nos candidatos aprovados pela Igreja Católica.

Dos onze deputados federais eleitos no Ceará, sete eram da LEC, Liga Eleitoral Católica, bem como dezessete dos trinta estaduais. Quanto aos socialistas, não elegeram nenhum representante.

Nomeado diretor do Departamento de Educação (atual Secretaria de Educação) do Ceará, cinco meses depois de assumir o cargo pediu demissão, devido a uma violenta repressão do governo a uma manifestação integralista em apoio a Dom José Tupinambá da Frota, bispo de Sobral. Pouco depois escreveu duas vezes ao pedagogo Manuel Lourenço, solicitando trabalho no Ministério da Educação. Lourenço conseguiu-lhe o cargo de assistente técnico para a educação. Em 1936 foi transferido para cidade do Rio de Janeiro, então capital de nosso país. Lá, além de atuar como assistente técnico, dedicou-se às atividades apostólicas. Como o cardeal Leme, arcebispo do Rio, determinara que não queria seus padres na política partidária, padre Hélder, que se desentendera com a Ação Integralista Brasileira por ter descoberto suas implicações ideológicas, acatou a ordem do cardeal, desligando-se dela.

Apesar disso, Plínio Salgado nomeou-o, em 1937, para o Grupo dos Doze, com a aquiescência do cardeal Leme, surpreso com o crescimento da ação integralista brasileira. Segundo sua eminência, dever-se-ia manter boas relações com os integralistas. Só depois do golpe que instalou o Estado Novo, dom Leme ordenou a padre Hélder que abandonasse o integralismo.

Na edição vindoura de Miscelânea, veremos a que padre Hélder se dedicou. Até lá, se for vontade de Deus.

Shalom!

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