Depois de afirmar na edição passada de “Miscelânea” que Dom Hélder Câmara, então bispo auxiliar de Dom Jaime de Barros Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro, fora o grande responsável pela realização lá, em 1955, do 36º Congresso Eucarístico Internacional, fiz uma longa digressão para contar que, estando eu na cidade em busca de emprego, ao ir à praça do Congresso Eucarístico, encontrei casualmente o hoje cônego Raul Tavares, então seminarista no Rio Comprido, que me levou a Dom Mário de Miranda Villas-Boas, arcebispo de Belém, participante do Congresso.
Nesta edição veremos as consequências desse encontro.
Pensando que eu tinha ido para o Congresso, Dom Mário me perguntou: onde você está?
Como eu não estava hospedado em lugar algum, pois praticamente acabara de chegar e a pensão onde planejara ficar estava superlotada, não havendo mais uma só vaga, respondi:
– Por aí.
– Ao que ele, que, como já escrevi aqui, tinha por mim, indevidamente de minha parte, um carinho especial, tanto que, quando ainda seminarista, segundo ano de Filosofia, decidira mandar-me estudar Teologia em Roma, na Universidade Gregoriana e, com minha saída intempestiva do Seminário, por livre e espontânea vontade, decepcionara-o levando-o às lágrimas:
– Por aí nada. Entre já no meu carro. Você ficará comigo, durante todo o Congresso, na Casa de Saúde Doutor Eiras.
Obedeci e, como seu acompanhante, participei de todos os eventos do Congresso, findo o qual, o Raul e eu fomos deixá-lo no aeroporto, onde encontrei o saudoso doutor Edgar Proença, um dos fundadores e diretor presidente da PRCC5, Rádio Clube do Pará, “a voz que fala e canta para a Planície,” pioneira da rádio difusão no Pará, única emissora radiofónica então existente em Belém.
Ao me ver, foi logo me dizendo:
– Assim que voltar a Belém, me procure sem falta na C5. Quero que você seja diretor do Cast de rádio – novelas.
Veja o leitor como são as coisas: quando deixei o Seminário, o padre Cumaru, protegido do senhor Eriberto Pio dos Santos, diretor comercial dessa emissora, conseguiu dele, em meu favor, um breve estágio na emissora como locutor, devendo depois tornar-me funcionário, o que, não sei por qual razão, pois ninguém me falou nada a respeito, deixou de acontecer. Disseram-me apenas: volte noutra ocasião. Quem sabe…
Tempos depois, seu próprio diretor presidente faz questão de que eu dirija seu famoso cast de novelas.
O mais veremos em nossa próxima edição, se assim for a vontade do bom Deus. Até por lá. Shalom.