Um pequeno grande livro (26)

Depois de afirmar na edição passada de “Miscelânea” que Dom Hélder Câmara, então bispo auxiliar de Dom Jaime de Barros Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro, fora o grande responsável pela realização lá, em 1955, do 36º Congresso Eucarístico Internacional, fiz uma longa digressão para contar que, estando eu na cidade em busca de emprego, ao ir à praça do Congresso Eucarístico, encontrei casualmente o hoje cônego Raul Tavares, então seminarista no Rio Comprido, que me levou a Dom Mário de Miranda Villas-Boas, arcebispo de Belém, participante do Congresso.

Nesta edição veremos as consequências desse encontro.

Pensando que eu tinha ido para o Congresso, Dom Mário me perguntou: onde você está?

Como eu não estava hospedado em lugar algum, pois praticamente acabara de chegar e a pensão onde planejara ficar estava superlotada, não havendo mais uma só vaga, respondi:

– Por aí.
– Ao que ele, que, como já escrevi aqui, tinha por mim, indevidamente de minha parte, um carinho especial, tanto que, quando ainda seminarista, segundo ano de Filosofia, decidira mandar-me estudar Teologia em Roma, na Universidade Gregoriana e, com minha saída intempestiva do Seminário, por livre e espontânea vontade, decepcionara-o levando-o às lágrimas:

– Por aí nada. Entre já no meu carro. Você ficará comigo, durante todo o Congresso, na Casa de Saúde Doutor Eiras.

Obedeci e, como seu acompanhante, participei de todos os eventos do Congresso, findo o qual, o Raul e eu fomos deixá-lo no aeroporto, onde encontrei o saudoso doutor Edgar Proença, um dos fundadores e diretor presidente da PRCC5, Rádio Clube do Pará, “a voz que fala e canta para a Planície,” pioneira da rádio difusão no Pará, única emissora radiofónica então existente em Belém.

Ao me ver, foi logo me dizendo:
– Assim que voltar a Belém, me procure sem falta na C5. Quero que você seja diretor do Cast de rádio – novelas.

Veja o leitor como são as coisas: quando deixei o Seminário, o padre Cumaru, protegido do senhor Eriberto Pio dos Santos, diretor comercial dessa emissora, conseguiu dele, em meu favor, um breve estágio na emissora como locutor, devendo depois tornar-me funcionário, o que, não sei por qual razão, pois ninguém me falou nada a respeito, deixou de acontecer. Disseram-me apenas: volte noutra ocasião. Quem sabe…

Tempos depois, seu próprio diretor presidente faz questão de que eu dirija seu famoso cast de novelas.

O mais veremos em nossa próxima edição, se assim for a vontade do bom Deus. Até por lá. Shalom.

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