Um pequeno grande livro (29)

Na edição da semana passada de “Miscelânea” esqueci-me de relatar, pelo que faço-o agora, que ao voltar do Rio, findo o 36º Congresso Eucarístico Internacional, encontrei em casa, à minha espera, um envelope aéreo em cujas bordas havia as cores dos Estados Unidos da América do Norte.

Chegara no mesmo dia em que eu deixara Belém. Dentro, uma cartinha do Saldanha Coelho, da revista carioca Branca.

Eu participara, meses antes, de um concurso de crônicas promovido por ela e meu modo de escrever agradara muito a Saldanha, daí a razão de ele, nessa carta, me convidar a assumir lá, não me lembro mais se na embaixada EUA, ou em seu consulado, a função de revisor. Minha resposta, frisava ele, devia ser urgentíssima.

Como, por um lado, não entendia quase nada de Inglês e, por outro, já se passara mais de um mês da chegada da carta, deixei-a sem resposta e a coisa morreu por aí.

Terminada aqui minha grande digressão à brilhante e sofrida trajetória do, para mim, inigualável Dom Hélder Câmara voltemos a ele.
Minha última afirmação sobre ele foi que no CELAM (Conselho Episcopal Latino Americano) exerceu os cargos de presidente e vice presidente.
Prossigamos a partir daí.

Em 1956 fundou a Cruzada São Sebastião, cuja finalidade dar moradia decente aos favelados do Rio de Janeiro. Essa sua iniciativa originou vários conjuntos habitacionais.

Em 1959 fundou o Banco da Providência para o atendimento a pessoas que viviam em condições miseráveis.

Teve participação ativíssima no Concílio Ecumênico Vaticano II. Foi eleito padre conciliar em suas quatro sessões.

Foi um dos propositores e signatários do Pacto das Catacumbas, documento da maior importância, assinado por cerca de quarenta padres conciliares, no dia 16 de novembro de 1955, nas Catacumbas de Domitila, ao final de uma celebração eucarística conjunta, pacto que muito influenciou a Teologia da Libertação.

Diante da conturbada situação sócio-política nacional, a divergência de posições com o cardeal Dom Jaime Câmara tornou difícil sua permanência no Rio de Janeiro.

Assim, no dia 12 de março de 1964 foi nomeado arcebispo de Olinda e Recife, no Estado de Pernambuco, múnus que exerceu até dois de abril de 1985.

A partir da próxima edição de “Miscelânea” veremos sua atuação no nordeste.
Até por lá. Shalom!

Colunistas