Um pequeno grande livro (36)

Foto: Divulgação

Continuamos a ver o que se diz na carta de oito de maio de dois mil e vinte, uma sexta feira, do pastor batista Henrique Vieira ao monge beneditino Marcelo Barros, a propósito do episódio de Jesus no Monte das Oliveiras.
Então, escreve Henrique Vieira, Ele foi para o lugar de suas orações, onde tantas vezes já havia conversado com Deus. Mas dessa vez Ele foi triste. Se ajoelhou e pediu para não morrer. Um anjo apareceu para lhe (sic!) confortar, uma epifania. Ainda assim, continua o pastor batista, a angustia era tão grande que Ele chegou a suar sangue. Jesus está ali de joelhos com toda a humanidade, experimentando o drama da condição humana. Jesus de fato foi preso, interrogado, sentenciado, condenado, humilhado, torturado e executado. Na cruz, segundo a memória do evangelho: “e à hora nona Jesus exclamou em alta voz: Eloi, Eloi. Lama, Sabctani?” (Marcos 15, 34). Que traduzido é: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

O teólogo e amigo Leonardo Boff me ajuda a entender a beleza e a profundidade desse texto. Jesus se entregou em confiança na bondade de Deus. Mesmo se sentindo abandonado (sentimento radicalmente humano), afirma: “Deus meu, Deus meu”. Ao fim, Jesus exclama: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. No último segundo da sua vida, Jesus sentiu que apesar de tudo, o sentido da sua vida havia se realizado: o propósito de viver por amor. E por isso ele pôde se entregar totalmente a Deus. Sabemos que os evangelhos são memórias contadas a partir de uma declaração de fé, não são textos históricos precisos, e é essa a minha interpretação: Jesus passou pela angústia, pelo medo e sentiu-se abandonado, mas insistiu na bondade, amou até o fim.” Por hoje é tudo. Devo dizer ao leitor, por uma questão de honestidade intelectual, que este texto consta inteiramente de citações. Shalom!

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