D. Antônio Lustosa: venerável Servo de Deus

Decreto da Santa Sé reconhece virtudes heroicas de Dom Antônio. Foi Arcebispo de Belém.

 

A Santa Sé autorizou dia 22 de junho a promulgação do Decreto que torna Venerável cinco Servos de Deus, cujas postulações correm no Dicastério para as Causas dos Santos, dentre elas o salesiano brasileiro Antônio de Almeida Lustosa, Arcebispo de Fortaleza, falecido em 1974.
O Pontífice recebeu o cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério, autorizando a promulgação do Decreto que reconhece as virtudes heroicas do salesiano brasileiro Antônio de Almeida Lustosa, Arcebispo de Fortaleza, falecido em 1974, que se tornou Venerável.

Trajetória
O Santo Padre declarou estar “convencido”, como afirma a biografia no site do Dicastério para as Causas dos Santos, “de que a primeira evangelização consiste em devolver a dignidade às pessoas e às famílias mais pobres”: ele também foi ensaísta, cientista e artista. Dom Antonio de Almeida Lustosa foi o 2º Arcebispo de Fortaleza.
Lustosa nasceu em 11 de fevereiro de 1886 em uma família da burguesia de São João del-Rei, no Estado brasileiro de Minas Gerais (MG). Dos pais aprendeu o espírito de sacrifício e o valor do trabalho.
Os salesianos tinham aberto fazia pouco tempo um internato – o Colégio Dom Bosco – em Cachoeira do Campo (MG). Antônio foi ali aos 16 anos e dois anos depois decidiu tornar-se salesiano. Distinguiu-se por penetrante inteligência e por real empenho na vida religiosa. A vocação de Antônio o conduziu sempre na vida de Igreja e aos 26 anos já era ordenado sacerdote.
A empolgante personalidade e a decidida vocação do padre Antônio Lustosa fez dele Mestre de Noviços e também Diretor (em Lavrinhas, no Estado de São Paulo), sendo encarregado da formação dos aspirantes salesianos, dos Estudantes Salesianos de Filosofia e também de Teologia. Além de ensinar, formava para o apostolado salesiano numerosos clérigos, animando, com a ajuda deles, as paróquias e os oratórios nas cidadezinhas próximas.
O Bispo de Uberaba, também em Minas Gerais (MG), eleito em 1925, achou o seminário praticamente vazio: depois de um ano tinha no ginásio perto de 30 seminaristas.
Interessou-se pelos excluídos, fazendo sua a urgência da justiça social. Não haviam passado sequer quatro anos que foi transferido para Corumbá, no hoje Mato Grosso do Sul (MS), sede maior e com maiores dificuldades para a evangelização.

Intensa inspiração: Dom Bosco
Depois de uma década em Belém, Dom Antônio Lustosa foi transferido em 1941 para a importante sede de Fortaleza, no Estado do Ceará (CE), onde se expendeu com tudo o que era pelo bem, por 22 anos, vivendo intensamente o “Da mihi animas”, de Dom Bosco.
Convencido de que a primeira evangelização consiste no redar dignidade às pessoas e famílias mais pobres, fundou ambulatórios, o hospital São José, escolas populares gratuitas e círculos operários. Inaugurou a “Sopa dos pobres” e os Serviços Sociais da Arquidiocese.
A vida espiritual era uma preocupação perene para Dom Lustosa e, sem nunca esquecer o pastoreio das almas, deu vida ao Pré-Seminário, ao Santuário “Nossa Senhora de Fátima” e à ‘Rádio Assunção Cearense’. Para dar assistência às famílias do campo, fundou a Congregação das ‘Josefinas’.

A vida pela literatura
Dom Antonio foi um escritor prolífico nos setores mais variados: teologia, filosofia, espiritualidade, hagiografia, literatura, geologia, botânica…, tudo registrado por linhas do seu finíssimo senso de humor, de não se esquecer. Assaz apreciado foi também no campo artístico: são seus os vitrais da Catedral de Fortaleza.
Em 1963, Dom Lustosa retirou-se para a Casa salesiana, de Carpina (PE), onde transcorreu os últimos 11 anos de vida e onde aos 14 de agosto de 1974 entregou a sua alma a Deus. Seu corpo repousa na Catedral de Fortaleza.
Dom Antônio de Almeida Lustosa agora é “Venerável Servo de Deus”.

O PASTOREIO EM BELÉM
A região pantaneira do Mato Grosso do Sul ficou na lembrança pastoral, pois dali, Dom Lustosa foi nomeado Arcebispo do Belém do Pará. A passagem de pastor por esta igreja particular da Amazônia é marcada por memória de grandes realizações.
Durante a Missa de elevação da Paróquia São João Batista e Nossa Senhora das Graças a Santuário no dia 24 de junho, o atual Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa, mencionou Dom Lustosa.
“Nosso saudoso Dom Antônio Lustosa tornou-se um Venerável Servo de Deus, por reconhecimento da Santa Sé esses dias. E esta notícia nos enche de alegria, pois é o reconhecimento do amoroso trabalho desse Arcebispo para com a nossa Igreja de Belém, de quando ele esteve conosco, e muito fez por nós”.

Dom Lustosa permaneceu com o rebanho de Belém por dez anos, um desafio que deixou boas lembranças de sua passagem por esta “imensa Diocese da Região Norte do Brasil. Ali ficou dez anos, prodigalizando-se com a mesma generosidade de sempre”, assinala a matéria divulgada no site Vatican News.
“Dom Lustosa criou nossa Paróquia Santa Teresinha no dia 12/01/1935, uma grande graça para a Igreja, particularmente para a Igreja de Belém”, recorda-se Mons. Marcelino Ferreira, co-pároco daquela igreja, situada no bairro do Jurunas, em Belém.
Outra célebre memória do pastoreio de Dom Antônio Lustosa é do Monsenhor Edmundo Igreja. O “Apóstolo do Salgado” relata em partes do livro que conta a vida desse sacerdote providentino que Dom Lustosa teve participação decisiva em sua vida como na decisão de sua vocação para a Igreja.

O incentivo veio direto do pastor. Edmundo aproveitou a oportunidade em que Dom Lustosa foi a Mocajuba, sua terra natal, e ali ele falou com o Arcebispo sobre sua vocação. Recebeu completo apoio de Dom Lustosa, que o trouxe para Belém em 11 de fevereiro de 1932, iniciando período de grande proximidade com o pastor, recebendo das mãos dele a sua batina na mesma missa de Ordenação do padre Alberto Ramos, para citar uma das diversas narrativas de Monsenhor Edmundo Igreja.

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