“Quando se habita a crise sem ceder ao fechamento, à raiva e ao medo, mas mantendo a porta aberta para Deus, Ele pode intervir. Ele é um especialista em transformar crises em sonhos”: foi o que disse o Papa Francisco no quarto e último domingo do Advento, 18, quando a liturgia nos apresenta a figura de São José.
O Papa recordou que José é um homem justo, que está prestes a se casar. Podemos imaginar o que ele sonha para o futuro: uma bonita família, com uma esposa afetuosa e muitos bons filhos, e um trabalho digno: sonhos simples e bons. De repente, porém, esses sonhos se rompem contra uma descoberta desconcertante: Maria, sua noiva, está esperando uma criança e essa criança não é dele! O que deve ter sentido José? Perplexidade, dor, desânimo, talvez até irritação e desilusão… O mundo desmorona sobre ele! E o que ele pode fazer?
Francisco diz então que ele tem duas opções. A primeira é denunciar Maria e fazê-la pagar o preço por suposta infidelidade. A segunda é anular seu noivado em segredo, sem expor Maria ao escândalo e a pesadas consequências, mas, porém, assumindo sobre si o fardo da vergonha. José escolhe este segundo caminho: o caminho da misericórdia.
Para realizá-lo, de fato, não será suficiente que ele pertença à descendência de Davi e seja um fiel observador da lei, mas terá que confiar em Deus acima de tudo, acolher Maria e seu filho de uma maneira completamente diferente de como se esperava, diferente do de como sempre se tinha feito. Em outras palavras, José terá que renunciar às suas certezas tranquilizadoras, aos seus planos perfeitos, às suas legítimas expectativas e abrir-se a um futuro a ser descoberto.
O Papa nos pergunta, o que nos diz José hoje? Também nós temos os nossos sonhos, e talvez no Natal pensemos mais neles, falemos sobre eles juntos. Talvez lamentemos alguns sonhos quebrados, e vemos que as melhores esperas são frequentemente confrontadas com situações inesperadas e desconcertantes.