Alegria, gratidão e compromisso com a Palavra de Deus

Por Dom Paulo Andreolli, SX – Bispo Auxiliar de Belém

Caros leitores, é sempre uma alegria nos encontrarmos, semanalmente, para a partilha sobre a Palavra de Deus e sobre o que está em meu coração, de maneira simples e familiar, pois, em Cristo, somos todos irmãos.

Partilho com vocês que no último dia 17 de setembro vivi um momento muito especial: celebrei 25 anos de Ordenação Presbiteral. Um marco importante na minha vida e missão. Na Missa, junto aos meus irmãos bispos, padres, confrades Xaverianos e com todo o povo, que caminham comigo nessa aventura do anúncio do Evangelho, foi uma graça agradecer ao Senhor por todo este tempo de serviço. Agradeço também a todas as pessoas que, com suas orações e seu apoio, me ajudaram a perseverar e a crescer no chamado que recebi de Deus.

Estamos no mês da Bíblia, um tempo em que a Igreja nos convida a redescobrir a beleza e a força da Palavra de Deus. A Bíblia não é um livro qualquer; é uma carta de amor que o próprio Deus nos deixou. É luz para os nossos passos, bússola para nossas escolhas e alimento para a nossa fé. Quando abrimos a Bíblia, abrimos também uma janela para o coração de Deus e para o conhecimento de Sua vontade sobre nós. É por isso que precisamos nos aproximar dela com respeito, atenção e desejo sincero de permitir que a Palavra transforme a nossa vida.

A liturgia deste 25º Domingo do Tempo Comum nos recorda que ninguém pode servir a dois senhores. Não podemos dividir nosso coração entre Deus e aquilo que passa. O verdadeiro tesouro da nossa vida deve ser o próprio Deus. Quando Ele ocupa o centro de nossa existência, tudo o mais encontra o seu lugar. Jesus nos convida a colocar todo o nosso ser – mente, inteligência, coração e forças – a serviço do Reino de Deus.

Infelizmente, constatamos que o mundo é marcado por muitas guerras, injustiças e desastres climáticos. Diante disso, não podemos culpar a Deus, mas reconhecer que são as escolhas humanas, quando afastadas Dele, que geram tamanha desordem. Quando o ser humano não coloca Deus em primeiro lugar e desobedece à Sua lei, rompe a harmonia que deveria existir entre as pessoas e com a criação. Assim, agrava o desequilíbrio geral: polui e destrói o meio ambiente, causando crises climáticas, e constrói sistemas injustos que alimentam divisões, ódio e conflitos armados.

O Papa Francisco recordava que “a cupidez é uma idolatria” que nos afasta de Deus e que “o único tesouro da Igreja é Cristo”. Quando colocamos nossa segurança em outras realidades, corremos o risco de nos tornar “tíbios, medíocres e mundanos”. Por isso, o centro da vida cristã não é o acúmulo, mas o amor. A nossa verdadeira riqueza é pertencer a Deus e viver como Seus filhos e filhas.

O Evangelho também nos provoca a vencer a timidez e a usar com coragem os talentos e dons que Deus nos deu. A parábola nos alerta para a tentação de enterrar nossas capacidades, deixando que o medo ou a acomodação falem mais alto. A fé não é para ser escondida, mas para ser partilhada. Nesse sentido, o Papa Francisco nos encoraja: “Não enterrem os talentos! Apostem em grandes ideais. Abram-se, sejam solidários, atentos ao outro”.

O mundo precisa de cristãos que vivam sua fé de forma criativa e ousada, usando a inteligência, a sensibilidade e a força que receberam para que Jesus seja conhecido e amado. Isso significa trabalhar pelo Reino de Deus nas pequenas e grandes coisas do dia a dia, com gestos concretos de justiça, misericórdia e fraternidade.

Convido a cada um a colocar seus donsa serviço do bem; a ser luz, onde há escuridão; e a ser voz, onde há silêncio e injustiça. Que a Palavra de Deus seja a lâmpada que ilumina nossas escolhas e nos dá coragem para testemunhar a esperança do Evangelho.

Que esta oração nos inspire a dizer: “Senhor, envia Teu Santo Espírito para que eu compreenda e acolha Tua Santa Palavra! Que eu Te conheça e Te faça conhecer, Te ame e Te faça amar, Te sirva e Te faça servir, Te louve e Te faça louvar por todas as criaturas. Amém!”.

Ordenação Presbiteral – 17/9/2000 – Parma (Itália)

Termino agradecendo, de coração, a todos pelas orações e pelo carinho nestes 25 anos de caminhada sacerdotal. Continuemos juntos, com alegria e determinação, na missão de Jesus. Que possamos caminhar lado a lado, confiando sempre na graça de Deus e no poder transformador da Sua Palavra.