Dom Paulo Andreolli, SX – Bispo Auxiliar de Belém
Caríssimos leitores, aqui estamos, uma vez mais, para nossa comunicação semanal. Propomos como reflexão um assunto bem atual, que é a comemoração de 10 anos da “Laudato Si’” – LS e, nesta oportunidade, conto com a colaboração de Ir. Fátima Corpes, Missionária do Coração Eucarístico de Jesus.
A Carta Encíclica Laudato Si’, um dos principais legados do querido e saudoso Papa Francisco, foi publicada em maio de 2015. Está dividida em 6 capítulos, cada um apresentando tópicos que chamam a atenção da humanidade sobre a destruição que o ser humano está causando ao meio ambiente e aos seus semelhantes.
Para quem ainda não leu a Laudato Si’, sugerimos como uma leitura importante. Ela recebeu esse título, traduzindo para o Português, “Louvado sejas”, porque se refere ao Cântico de São Francisco de Assis: “Louvado sejas, meu Senhor”, conhecido como o Cântico das Criaturas que, neste ano de 2025, está completando 800 anos de sua composição.
E poderíamos nos perguntar: o que a mensagem desta Encíclica tem a ver com a liturgia deste domingo? À primeira vista, talvez não encontremos questões em comum, contudo, ao observarmos, atentamente, o conjunto das leituras, certamente, vemos pontos convergentes.
O Evangelho deste 17º Domingo do Tempo Comum clarifica a importância da oração. O texto do Evangelho narrado por Lucas (11,1-13) é introduzido por um pedido simples e sincero feito pelos discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos” (Lc 11,1). Diante do pedido, Jesus lhes propõe a oração do Pai nosso, que para todo cristão deve ser um programa de vida a seguir.
O Mestre utiliza uma parábola para confirmar a importância da intercessão, que aos olhos humanos pode parecer uma insistência, mas para Deus é necessário: “Pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto” (Lc11,9).
Vale ressaltar que todas as leituras apresentam essa dimensão da intercessão e clamor, sobretudo na 1ª Leitura (Gn 18, 20-21), quando o próprio Deus revela para Abraão o clamor que lhe chega por meio da má conduta dos habitantes de Sodoma e Gomorra. Diante disso, Abraão intercede em favor dos habitantes dessas cidades.
Nesse sentido, fazemos uma significativa relação com a Laudato Si’, que logo em sua introdução apresenta um forte apelo: “O urgente desafio de proteger a nossa Casa Comum inclui a preocupação de unir toda família humana em busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar” (LS 13).
Os apelos que o Deus Criador ouviu contra os habitantes de Sodoma e Gomorra, quando estes estavam entregues à corrupção do pecado, podem não ser iguais aos apelos que o Sumo Pontífice fez, mas pode se dizer que esse apelo atual leva a perceber que a falta de cuidado com o planeta é também um grande pecado contra a obra da criação.
Perguntemo-nos: Quais são os clamores que escutamos? O que mudou após 10 anos da publicação desta Encíclica? Será que o convite (apelo) feito pelo Papa Francisco continua atual? O que fizemos para melhor cuidar de nossa Casa Comum?
Esses e tantos outros questionamentos sobre nosso estilo de vida tão consumista, em sua maioria, hão de servir para a nossa reflexão pessoal. Devemos estar sempre alertas para o sentido do cuidado e proteção com a obra da criação divina. Somos parte deste planeta! Somos vida das mãos de Deus! Lembremo-nos de que “tudo está interligado”.
A Laudato Si’ se destinada a todas as pessoas de boa vontade e destaca também a Ecologia Integral, a qual interliga as dimensões da vida humana com o cuidado da criação, buscando justiça social, preservação ambiental e um futuro sustentável para as próximas gerações.
O ser humano não está dissociado da terra ou da natureza, eles são partes de um mesmo todo. “Caminhemos cantando; que as nossas lutas e a nossa preocupação por este planeta não nos tirem a alegria da esperança” (LS 244)”.
Concluímos desejando uma abençoada Jornada Mundial dos Avós e da Pessoa Idosa, que hoje celebramos em sua 5ª edição. Que seja uma oportunidade de renovar o amor, o cuidado e a valorização dos nossos avós e idosos, pois são eles sinais luminosos da esperança que vem de Deus.