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Introdução
Continuando nossa reflexão sobre os jovens na Bíblia, perceberemos o grande carinho com que são apresentadas muitas figuras juvenis, exemplos de jovens cheios de virtudes nos mais variados contextos e circunstâncias.
sso significa que na Bíblia os jovens são vistos positivamente e viveram suas virtudes na simplicidade e normalidade da vida. Ou seja, na Sagrada Escritura não há jovens heróis solitários. Também os jovens de hoje testemunham suas virtudes no dia a dia de suas vidas, na família, no trabalho, no mundo dos estudos, com seus amigos.
1 – Juventude é tempo de resistência
Como nos dias de hoje, também os jovens presentes na Sagrada Escritura, passaram por fortes e duras provações em relação à própria fé. É verdade que muitos deles não resistiram, mas temos testemunhos eloquentes de jovens fiéis às próprias convicções religiosas, aos seus princípios éticos, morais e que estiveram dispostos a abraçar o martírio.
Dentro do contexto de perseguição religiosa não poderíamos deixar de fazer menção ao eloquente fato narrado no segundo livro dos Macabeus quando uma mãe, sendo fiel a seus princípios religiosos e à sua consciência, é assassinada com todos os seus filhos. Apesar das ameaças, ofertas e promessas aliciadoras, nenhum dos seus jovens filhos foi capaz de trair a própria religião; nenhum se deixou seduzir e todos foram martirizados (cf. 2Mac 7,1-42).
Esse fato assim, como tantos outros, prova a verdade dita pelo apóstolo São João: os jovens alimentados pela Palavra de Deus permanecem com Deus e suportam o maligno (cf. 1Jo 2,14).
2 – Alimentar e cultivar a fé
A resistência às tentações e a tantas formas de obstáculos para a sadia vida dos jovens só pode ser superada através do cultivo da fé e de uma profunda vida espiritual. O testemunho da fé não é gratuito, é preciso um longo processo de formação espiritual.
Dentro do contexto das inúmeras solicitações que recaem sobre a mente dos jovens, o salmista se questiona e, ao mesmo tempo, responde: “Como um jovem pode conservar pura a sua vida? Lendo, meditando e praticando a Palavra de Deus” (Sl 119,9).
Nessa condição de robustez espiritual os jovens são chamados a fazer a experiência da exploração dos próprios recursos com sabedoria, por isso, alerta o sábio Eclesiastes: “Lembre-se do seu Criador, nos dias da mocidade, antes que venham os dias tristes e cheguem os anos em que você dirá: «Não sinto mais gosto para nada» (Ecle 12,1-2).
Desde a infância e a juventude somos chamados a nos alimentarmos da Palavra de Deus (cf. Sl 71,5; Sl 119,52; 2Tm 3,15) para crescermos em comunhão com o criador, sermos robustos e darmos o justo sentido para a nossa vida, superando experiências difíceis.
3 – Fragilidades juvenis
Há muitas passagens da Sagrada Escritura que falam das fragilidades juvenis. Os jovens também se cansam, ficam exaustos, tropeçam e caem (cf. Is 40,29-31). Encontramos também relatos que falam de jovens desordeiros, libertinos, depravados (cf. Gn 19,4.11; 1Sam 2,17). Há também jovens que são manipulados, enganados, persuadidos ideologicamente, subjugados, violentados (cf. Rs 12,8-10; 1Rs 20,15; 2Cr 36,17).
Jesus encontrou um jovem que, apesar de obediente aos mandamentos e cheio de boa vontade, estava profundamente apegado aos bens materiais e sendo materialista não teve a liberdade suficiente para seguir o mestre e, lamentavelmente, do Salvador se afastou com muita tristeza (cf. Mt 19,16-22).
Também em nossos dias muitos jovens se afastam do Salvador, do caminho da Verdade e perdem o sentido da vida porque estão apegados aos prazeres e às riquezas deste mundo. Apesar das suas fragilidades, Jesus Cristo contou com os jovens, os chamou, os desafiou à missão, dedicou-lhes tempo de convivência, foi-lhes honesto e firme no processo de formação deles, os acompanhou e os enviou em missão. Também hoje Jesus Cristo conta com os jovens!
4 – José, um jovem sensível e reflexivo
Apesar de, tradicionalmente, a figura de São José, esposo de Maria, ser apresentado artisticamente como um adulto e tantas vezes idoso, na verdade, era um jovem quando ficou noivo de Maria. O evangelista Mateus nos apresenta com generosidade diversas virtudes do jovem José (cf. Mt 1,16-24).
José é um jovem portador de uma extraordinária sensibilidade afetiva, moral, religiosa e espiritual. Seu perfil, sem dúvida, é uma referência para os jovens de hoje, sobretudo, para os jovens noivos, esposos e pais.
José era um jovem que tinha um projeto de vida (cf. Mt 1,18). Era um jovem maduro e que sonhava casar-se com Maria, também profundamente virtuosa. José e Maria nos ensinam que não basta querer casar, é preciso que os noivos tenham formação moral, maturidade humana, que sejam virtuosos para que possam suportar desafios. José é um jovem justo (cf. Mt 1,19). O amor para com a sua noiva o impediu que fosse violento com ela quando soube que ela estava grávida. O senso de respeito pela dignidade da mulher o levou a respeitá-la. O justo é sensível, humano, ponderado! Foi capaz de respeitar o mistério! José é também um jovem capaz de silêncio e discrição (cf. Mt 1,19). Em sua crise pré-matrimonial José, sentindo-se injustiçado, traído, não apelou para o escândalo, não fez justiça com as próprias mãos; não agrediu sua noiva, não a difamou, não a denunciou; sofreu calado! (cf. Mt 1,20). Era um jovem capaz de reflexão, discernimento, autocontrole, prudência!
5 – Uma jovem chamada Maria
Para concluir esta reflexão não poderíamos deixar de falar, brevemente, sobre a mais importante de todas as jovens da Sagrada Escritura, aquela chamada Maria. Maria foi uma jovem que testemunhou uma vida rica de sentido, portadora de um sério projeto de vida e aberta à vontade de Deus.
Maria experimentou uma profunda intimidade com Deus, profundamente sensível e solidária, também foi uma jovem cidadã (de Nazaré), inserida em sua cultura, fiel às tradições religiosas (cf. Lc 2,22-24.41); uma jovem que testemunhou a beleza de um protagonismo juvenil saudável, rico de boas iniciativas, fazendo-se disponível e abraçando desafios.
Enfim Maria foi uma jovem mãe zelosa, que defendeu seu filho das ameaças de morte, o acompanhou e o educou; Maria foi presença contínua na vida do Filho e fiel seguidora do mesmo até a morte! Aos pés da cruz lá estava Maria! (cf. Jo 19,25). Maria nos recorda a urgência de educar os jovens para fidelidade, a paternidade e a maternidade responsáveis.
PARA A REFLEXÃO PESSOAL:
1 – Leia o texto 2Macabeus 7,1-42. Lendo-o, reflita sobre o que mais lhe tocou?
2 – Na Bíblia aparecem também as fragilidades juvenis, quais, cite exemplos?
3 – O que você tem a comentar das virtudes do jovem casal, José e Maria?
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Dom Antônio de Assis Ribeiro – Bispo Auxiliar de Belém
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