Por: Alessandro Negrão Rodrigues, postulante Barnabita
Santo Alexandre Sauli nasceu em Milão no ano de 1534 e desde cedo, inspirado pela mãe Tomazina, desenvolveu gosto pela oração e pela modéstia cristã. Nascido em família abastada, nobre e influente da sociedade genovesa, Alexandre, por vezes percebido como frio por seus contemporâneos, na realidade nutria um coração simples e isento das frivolidades típicas reinantes em seu contexto social.
A modéstia inata despertou em Alexandre um profundo senso de humildade e este, ainda criança, se escondia ao dar esmola para não receber elogios dos pais.
Não obstante, seu fervor era tamanho que, mesmo segundo o costume da época,o qual as crianças não comungavam, recebeu a Primeira Eucaristia aos 11 anos, onde a partir daí, passou a participar da Missa, cotidianamente. Consagrou sua virgindade à Santa Mãe de Deus, procurando rezar, diariamente, o rosário e oferecer-lhe jejuns aos sábados. Também, era demasiado apreciador da solidão, possuindo um profundo desejo de ser sábio, o qual ele mesmo julgava ser soberba.
Aos 17 anos, faz o pedido para ingressar na Ordem dos Clérigos Regulares de São Paulo que, desconfiada pela nobre origem e pouca idade do candidato, lhe pede uma prova de humildade e amor ao Crucificado. Notável gesto realizou Alexandre, ao carregar o próprio Crucificado nas costas até o centro da cidade de Milão, proferindo na chegadaà praça central um sermão acerca dos elementos essenciais da espiritualidade. Ao abraçar a vida religiosa, travou o mais violento combate que uma pessoa pode pelejar: lutou contra o mundo, contra o julgamento humano, contra si mesmo e venceu.
Confessor e amigo de São Carlos Borromeu, exerceu seu ministério com profundo zelo pela obra de Santo Antônio Maria Zaccaria, tendo sido eleito superior geral da congregação aos 33 anos de idade. Seu generalato finda com sua nomeação episcopal proclamada por São Pio V, com a destinação de Córsega. Lá, realizou um exímio trabalho de renovação do fervor cristão e solidificação da fé daquele povo, nos moldes que propusera o fundador dos barnabitas. Constantemente, lançava o seu olhar sobre suas limitações humanas, fato exemplificado pelas lágrimas derramadas quando fora comunicado de sua nomeação episcopal, de sua eleição como superior geral e de sua ordenação presbiteral. Sua modéstia o levara a pensar ser indigno, o que para todos reforçava a dignidade e idoneidade do apóstolo da Córsega.
Sauli não esbanjava, mas frutificara bastante os talentos que o Senhor lhe dera. De todas as suas notáveis virtudes heroicas, se sobressai a humildade, pois descendia de ilustre família e, mesmo assim, ingressa na paupérrima e nova congregação. Foge das honras qual fugitivo da peste. Só a obediência o retira do claustro. Lavava os pés dos indigentes, servia os peregrinos à mesa, possuía bons modos com todos, sobretudo com os mais pobres e ignorantes, não fazendo distinção de pessoas. A humildade revelava-se triunfante diante do desconforto material, da doença, das calamidades públicas ou particulares. Pode-se resumir em poucas palavras a existência do santo: escravidão ao bem espiritual do próximo. Nasceu para servir a Deus servindo seu semelhante, seu gosto era passar a vida a fazer o bem.
Dentre seus ilustres penitentes e dirigidos espiritualmente, tais como São Carlos Borromeu, cardeais e até mesmo o papa Gregório XIV, o testemunho de Santo Alexandre Sauli alcançou também o beato Carlo Acutis, que será canonizado em 2025. O fato foi revelado por sua mãe, no documentário “O Céu não pode esperar”. Ela conta que o padroeiro da internet tinha o costume de sortear uma devoção para lhe acompanhar durante o ano, e justamente no ano de sua morte (2006), ele foi sorteado por Sauli. Inicialmente a ocorrência foi recebida com espanto, pois ele sempre era agraciado com títulos marianos ou patronos da Igreja Universal. A mãe do beato destaca Santo Alexandre como um santo “comum”, o que reforça que a espiritualidade do apóstolo da Córsega sempre foi a excelência das virtudes no ordinário.
Que por sua intercessão possamos servir a Deus no amor ao próximo, atentos sempre às suas últimas palavras: “Coragem! Coragem! Meus filhos,também do céu vos amarei e hei de recordar-vos”. Santo Alexandre Sauli, rogai por nós!