Homenagem à memória de irmã Dorothy Stang

 

O comitê Dorothy organiza uma série de atividades virtuais como forma de dialogar com a sociedade sobre o legado da missionária norte-americana, 73 anos, assassinada em uma estrada de Anapu, no Pará, no dia 12 fevereiro de 2005. A Jornada Internacional busca dar visibilidade para as diversas faces e realidades da Amazônia e contará com organizações políticas e religiosas da Itália, Estados Unidos, Cuba, além de organizações de vários estados do Brasil, como Acre, Amazonas, Maranhão, Pernambuco, Mato Grosso e Pará. Com lives culturais, debates, ato inter-religioso e a construção de um documento cobrando providências sobre os casos de assassinatos no campo, o evento ocorre entre os dias 07 e 13 de fevereiro de 2022, nas redes sociais do Comitê Dorothy, em conjunto com outros movimentos sociais e organizações parceiras.

Durante a programação a realização de várias atividades, entre elas o Ato Público no dia 12 de fevereiro em frente à Catedral e Orla do Cais de Altamira com o gesto concreto: Amazônia em pé: distribuição e plantio de mudas na praça Pio XI (Praça Mattias).

São três os eixos apontados pela jornada internacional, sendo eles a violência e assassinatos aos povos do campo, das águas e das florestas; territórios violados: a situação indígena, quilombola, ribeirinha, por fim, martírio, memória e resistência na Amazônia.

Defensora dos direitos ambientais, agrárias e de direitos humanos, irmã Dorothy abraçou, em parceria com representantes de sindicatos rurais e da Pastoral da Terra, a missão de desenvolver projetos sustentáveis para a geração de emprego e renda com reflorestamento em áreas degradadas. Seu objetivo era promover melhores condições de vida e de trabalho para a população de Anapu, pequena cidade do Pará a 600 quilômetro de Belém. O nome de Dorothy Stang se tornou sinônimo de resistência no campo, inspirando novas gerações de ambientalistas e abrindo caminho para a consolidação dos assentamentos do Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança e Virola Jatobá, em Anapu, com mais de 600 famílias.

O assassinato de Dorothy Stang 

Irmã Dorothy foi assassinada com seis tiros, aos 73 anos, em 12 de fevereiro de 2005. Ela sofreu uma emboscada na estrada que leva ao lote 55 do PDS Esperança, onde se encontraria com técnicos do Incra para discutir detalhes do projeto. O crime foi encomendado por dois fazendeiros: Vitalmiro Bastos de Moura e Regivaldo Pereira Galvão, grileiros que brigavam por posse de terras pertencentes à União. Ambos foram condenados a 30 anos de detenção. O intermediário do assassinato, AmairFeijoli da Cunha, o Tato, foi condenado a 18 anos de prisão, e em 2010 passou a cumprir a pena em domicílio. O autor dos disparos, Rayfran das Neves Sales, foi condenado a 27 anos. Em 2013, ele passou a cumprir prisão domiciliar; seu parceiro, Clodoaldo Carlos Batista, teve pena de 17 anos e a cumpre em regime semi-aberto.

História

Freira norte-americana naturalizada brasileira, Dorothy pertencia à congregação católica internacional Irmãs de Nossa Senhora de Namur, ao lado de mais de 2 mil mulheres que realizam trabalho pastoral pelo mundo. Ela começou a atuar no Brasil em 1966, em Coroatá (MA). Em 1972, foi para a Amazônia e se instalou na Vila de Sucupira, berço da pequena cidade de Anapu (PA), inaugurada em 1972 para abrigar trabalhadores que construíam a Rodovia Transamazônica (BR-230). A sua missão ali era promover uma vida digna, por meio da agricultura camponesa, às pessoas que passaram a habitar a região. Ela ajudou a fundar Escola Brasil Grande, primeira dedicada à formação de professores do município, em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Uma de suas principais iniciativas — e a que mais incomodava os poderosos da área — foi o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança. Com área de 32 mil hectares e ligado ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a proposta tem como objetivo beneficiar 400 famílias ao reverter a lógica de desenvolvimento focado em crescimento econômico pela adoção de um modelo capaz de conciliar a atividade produtiva e o respeito ao ambiente. Por quatro décadas de atuação, ela foi premiada, em 2004, pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Pará) pela luta em defesa dos direitos humanos.

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