Miscelânea: Ainda Pureza e Impureza

 
 
Não poderia dar por encerrado o despretensioso estudo, aqui feito, sobre o sentido de pureza e impureza para os antigos hebreus, sem ver, ainda que sinteticamente, o que pensava Jesus a esse respeito.
 
Começando: para Ele, esse tipo de pureza e impureza, ou seja, as rituais, não significava nada, tanto que não lhe dava a mínima importância. O que lhe importava, isto sim, era a pureza moral e, consequentemente, sua oposta, a impureza, claro que também moral. 
 
Para tirar tal conclusão basta ler o que Ele diz em Mc 7, 14-23, encontrável igualmente em Mt 15, 11-20, se bem que, neste, com menos palavras.
 
Em Mc, na versão da Bíblia Ecumênica, edições Loyola: a uns fariseus e a alguns escribas, vindos de Jerusalém, na presença de seus discípulos e da multidão que o seguia: “escutai-me todos e compreendei. Não há nada exterior ao homem que penetrando nele possa torná-lo impuro, mas o que sai do homem, eis o que torna o homem impuro.” E logo depois, em casa, só aos discípulos que o interrogam, por acharem essas palavras enigmáticas: “então vós também sois sem inteligência? Não sabeis que nada do que penetra do exterior no homem pode torná-lo impuro, já que não penetra em seu coração, mas no seu ventre e depois vai para a fossa?” Com isto, explica o evangelista, Ele declarava que todos os alimentos são puros. Ele dizia: “o que sai do homem, isto é que torna o homem impuro. De fato é do interior, é do coração do homem que saem as más intenções, desregramentos, furtos, homicídios, adultérios, cupidez, perversidade, astúcias, inveja, injúrias, vaidade, insensatez. Todo este mal sai do interior e torna o homem impuro.” (Mc 7, 18-23).
 
Em Mt, a escribas, fariseus, seus discípulos e à multidão: “ouvi e compreendei! Não é o que entra na boca que torna o homem impuro, mas o que sai da boca, eis o que torna o homem impuro” (Mt 15, 10s). E, depois, em atenção a Pedro, que lhe pede: explica-nos esta palavra enigmática: “Também vós ainda estais sem entendimento? Não sabeis que tudo o que penetra na boca vai para o ventre, depois é evacuado para a fossa? Mas o que sai da boca provém do coração, e é isto que torna o homem impuro. De fato, é do coração que provém más intenções, homicídios, adultérios, devassidão, roubos, falsos testemunhos, injúrias. Aí está o que torna o homem impuro, mas comer sem ter lavado as mãos não torna o homem impuro”.
 
Assim, pois, às prescrições judaicas, que visam preservar o homem de manchas do exterior, Jesus, com toda a clareza, opõe um conceito novo de impureza: o mal está no interior do homem e o que macula é o que se diz e faz de mal contra os outros, de modo que, em conclusão, é nas atuações com o próximo que se manifesta a pureza pessoal. 
 
E não só: o que Jesus ensina sobre isso, com palavras tão contundentes, confirma-o, não poucas vezes, com seu modo de agir, desrespeitando essas leis, de caso pensado. 
Será o que veremos na semana vindoura.
Shalom! 

 
 
 
 

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