Mundo juvenil e a fé cristã – Dom Antônio de Assis Ribeiro -Bispo Auxiliar de Belém – Áreas missionárias: passos, desafios e compromissos (parte III)

 

Foto: Luiz Estumano
 
 
 
Introdução
 
Nossa reflexão sobre as Áreas Missionárias desta edição nos leva a falar sobre os passos que são efetivados para a criação e o desenvolvimento das mesmas. Trata-se de um processo! A evangelização pressupõe um caminho!
 
Esse caminho não é gratuito; exige de todos os líderes uma profunda intimidade com a pessoa de Jesus Cristo, Amor à Igreja e paixão pelo Reino de Deus. Esses três, amores são inseparáveis. 
 
É lamentável constatarmos que, muitas pessoas, gostam de falar do seu amor a Jesus (da sua misericórdia, por exemplo), contudo, nem sempre nutrem o mesmo amor pelos irmãos, pela Igreja e o Reino de Deus. Isso é um gravíssimo erro. 
 
Não é aceitável um Amor a Cristo sem aos irmãos, sem amor à Igreja, sem paixão pelo Reino de Deus que pressupõe a transformação dos males do mundo. Desse fato podemos imaginar o necessário enfrentamento de muitos desafios.
 
1 – Passos a serem dados
 
No artigo anterior falamos sobre a importância do cultivo de determinadas atitudes saudáveis no desenvolvimento do serviço missionário. Pois, vejamos alguns compromissos consequentes dessas atitudes.
 
O primeiro compromisso para a criação de uma Área missionária é o reconhecimento de que uma determinada área demográfica precisa de uma especial atenção pastoral a ser mapeada, demarcada e definida em suas fronteiras. Isso depende da sensibilidade missionária de cada paróquia tendo o seu pároco um pastor que conhece os desafios pastorais do território de abrangência de sua paróquia.
 
Após o reconhecimento das áreas com “vazio pastoral” (sem presença visível da Igreja Católica, sem comunidade organizada, sem capela, sem ação pastoral é necessário que essa área seja mapeada, e projetada a fundação de novas Comunidades. Uma vez identificadas as áreas das futuras comunidades é necessário que seja elaborado um plano de ação com múltiplas atividades pastorais, como por exemplo: visitas domiciliares, reza do terço, celebração da Palavra, novenas, celebrações eucarísticas (nas ruas ou residências), procissões…  Tais atividades desperta a população para a presença da Igreja Católica! 
 

Esse serviço não pode ser esporádico, mas permanente. Por isso é necessário que para cada canto da área missionária seja definida uma equipe de atuação permanente. Eles serão os missionários desbravadores daquele contexto criando vínculos com a comunidade, formando lideranças e estando atentos às oportunidades, sendo uma das principais dessas, a aquisição de um terreno para ser a sede (ou capela) da comunidade.
 
 
O resto é cuidado! Os missionários preparam a terra do coração das pessoas, semeiam a Palavra, regam as mentes, mas é o Espírito de Deus que fará com que a semente da Palavra germine, cresça e dê bons frutos (cf. 1Cor 3,5-9).
 
Especial atenção deve ser dado à formação de líderes. Sem a formação de líderes o futuro fica comprometido. É preciso que os missionários sejam desapegados… Não basta contar com a boa vontade dos voluntários para assumirem responsabilidades; é preciso que se faça todo esforço possível para que as pessoas da própria comunidade sejam capacitadas para que possam assumir a liderança da nova comunidade. 
 
 
2 – Desafios a serem superados
 
Diante da urgência da evangelização a Igreja é chamada a ressignificar todas as suas estruturas pastorais; mas isso pressupõe uma exigente conversão pastoral de todos os sujeitos eclesiais. 
 
O elenco dos desafios que listamos a seguir estão presentes em diversos documentos pastorais da Igreja dos últimos anos como, por exemplo, o documento de Aparecida (2007), a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho, do Papa Francisco),  a Exortação Apostólica Amoris Letitiae (Alegria do Amor, do Papa Francisco), Exortação Apostólica Querida Amazônia e Instrução “Conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço da missão evangelizadora da Igreja” (ano 2020), da Congregação para o Clero.
 
A paixão missionária depende do amor a Jesus Cristo e da Alegria do Serviço pelo Reino de Deus; urge a superação da ignorância sobre Jesus Cristo; 
 
Apesar de muitos serviços pastorais, ainda se sente a falta da cultura missionária em nossas comunidades; ela vai além de um simples serviço institucional; 
 
É necessário superar a tentação do devocionalismo e do sacramentalismo; 
 
Ainda é muito forte no clero e nas lideranças em geral uma visão territorialista da paróquia, e por isso, muitos não aplaudem o redimensionamento das paróquias; é necessário considerar o dinamismo demográfico de cada área geográfica (o crescimento da população e sua reorganização habitacional);
 
Os documentos ainda acusam o lamentável clericalismo; e em geral constatamos essas fragilidades nas bases onde emergem conflitos que já deveriam se superados devido a nova mentalidade eclesial; dessa forma a missionariedade dos leigos fica engessa, ameaçada, reduzida; 
 
O papa Francisco tem acusado uma série de “ismos” que devem ser superados tais como, o “burocracismo”, o “legalismo”, o “imobilismo”, o “comodismo”, o “pessimismo estéril”, o “feudalismo pastoral”, o “relativismo pastoral” (como perda da referência do Evangelho), o “pragmatismo”, “mundanismo espiritual”; 
 
Enfim, outro grave desafio que amordaça a missionariedade é a fragmentação pastoral como sinal de perda da pastoral de conjunto; desse mal decorre o paralelismo pastoral, o isolamento, a falta de comunhão e de sinodalidade, favorecendo a autorreferencialidade pastoral. 
 
3 – O que fazer?
 
A Igreja de modo geral já está profundamente comprometida na mudança desses males que compromete as atitudes de todos os sujeitos eclesiais. Sobre isso vejamos o quer afirma a Instrução Pastoral sobre a renovação das Paróquias (Congregação para o Clero, 2020). 
 
“Para promover a centralidade da presença missionária da comunidade cristã no mundo, é importante repensar não só a uma nova experiência de paróquia, mas também, nessa, o ministério e a missão dos sacerdotes, que, junto aos fiéis leigos, têm o compromisso de ser “sal e luz do mundo” (cfr. Mt 5, 13-14)” (N. 13). “A partir justamente da consideração dos sinais dos tempos, escutando o Espírito, é necessário também gerar novos sinais” (N. 14). “
 

PARA REFLEXÃO PESSOAL:
 
1- Você conhece toda a área geográfica da sua paróquia?
 
2- Qual dos documentos citados você já leu? Se ainda não leu nenhum deles, faça o esforço para ler a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. 
 
3- Qual dos desafios a serem superados você sente e quais são os prejuízos disso?
 

 

                              

 
 
 

Compartilhe essa Notícia

Leia também