Mundo juvenil e a fé cristã: Espiritualidade do Advento: quem é o Messias? (4)

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Introdução
 
No tempo do advento ouvimos muitas vezes, nas leituras das celebrações eucarísticas, quase todos os dias, o nome Messias. Mas quem é ele? O que significa a palavra Messias? Qual foi a sua missão? Nesta reflexão, reflitamos, brevemente, sobre a identidade do Messias tão falado pelos profetas. Deus nos educa com a “pedagogia do Messias”; trata-se da pedagogia do sonho, da inquietude, da busca incessante pela plenitude da vida. 
 
O messianismo bíblico tem um propósito muito estimulante para todos nós. Convida-nos à superação da realidade humana por mais dura que ela seja e a alimentar a esperança, por mais obscura que pareça. O saudável dinamismo messiânico só é possível onde há fé e esperança. Se, por um lado essa é dom de Deus, por outro, precisa de sujeitos que a propaguem, são os profetas! Não há espírito messiânico onde não há profetas, porque também não há inquietude e nem olhares voltados para o futuro que contemplem o novo sem olhos voltados para a observação e a proposição de valores e atitudes que promovam o bem comum, atualizando os novos tempos. Uma sociedade ou instituição sem novidade é triste e tende a jazer na mesmice que corrói o ser. 
 
1 Messias e fragilidades 
 
A palavra “Messias”, em hebraico mashiah, significa ungido; Cristos em grego. O “ungido” era aquele que recebia a missão de ser rei. De fato, os reis no mundo Israelita, não eram coroados, mas ungidos com óleo (cf. 2Sm 5,3). A missão de ser rei não partia do próprio ungido, mas de Deus. Por isso, ser ungido, tornar-se messias, não representava simplesmente uma responsabilidade social e política, mas, sobretudo, uma especial e íntima relação com Deus (Javé). O rei era ungido trazendo consigo as suas fragilidades e abraçava, assim, uma missão muito nobre. Mas a unção representava também a especial participação do Espírito de Deus na pessoa ungida. Sendo assim, a mesma tornava-se portadora de especial atenção divina e de autoridade para servir. Porém, carregados de fragilidades, os reis nem sempre conseguiam realizar a nobre missão recebida e, por isso, muitos deles caíram em graves situações de corrupção, violência, prepotência, desonestidade, idolatria, devassidão moral, etc. Dessa forma a palavra messias perdeu seu brilho na pessoa dos ungidos, sobretudo, por graves crises ocorridas ao longo da história dos reis. Esse desgaste do “messias de governo” (o rei), favoreceu o despertar do sonho de um verdadeiro Messias, não mais limitado pelas fragilidades humanas, mas fortalecido por sua santidade e de origem divina. Era uma promessa! (cf. Gn 49,10-12). 
 
2 O sonho dos profetas 
 
Os profetas, profusamente, anunciavam a vinda de um Messias bem diferente dos limitados ungidos, reis e sacerdotes; esse Rei-Messias teria um reinado glorioso e atuaria na perspectiva da promoção da libertação de Israel de todas as suas opressões e instauraria uma nova era de justiça, de paz, prosperidade, segurança e tranquilidade para todos. 
 
É dentro dessa moldura que se encontram as grandes profecias messiânicas. As profecias nos revelam o plano de Deus preparando a humanidade para receber o seu Filho, o Salvador do Mundo. Vejamos algumas das principais profecias messiânicas que nos apresentam a misteriosa identidade do Messias, o Filho de Deus.
 
3 A identidade do Messias 
 
O Messias seria descendente do Rei Davi (cf. Is 7,13-14); o Messias nasceria de uma virgem (cf. Is 7,14ª); o Messias seria Emanuel, “Deus conosco”: (cf. Is 7,14b); o Messias seria uma luz para os pagãos (cf. Is 9,1-2b); o Messias seria o Filho de Deus (cf. Is 9,6b); o Messias seria o “Maravilhoso Conselheiro” (cf. Is 9,6c). O Messias cresceria em uma família pobre e cresceria em Nazaré (cf. Is 11,1b); o Messias faria curas, o cego, surdo, mudo…(cf. Is 35,5-6); o Messias teria um predecessor (cf. Is 40,3ª); o Messias seria o servo sofredor de Deus (cf. Is 49;50,1-10); o Messias seria de origem celeste, vindo do alto (cf. Is 7,14; 9,1.5-6; 45,8). O Messias seria o Senhor (cf. Jer 23,6); o Messias instauraria uma nova aliança (cf. Jer 31,31); o Messias seria o promotor da justiça divina (cf. Jr 23,5-8); o Messias ascenderia ao céu e seria exaltado (cf. Dn 7,13-14ª); o Messias seria o Filho de Deus (cf. Os 11,1ª); o Messias venceria a morte (cf. Os 13,14); o Messias ofereceria a salvação para todos (cf. Jl 2,32); o Messias nasceria em Belém da Judeia (cf. Mq 5,2ª); o Messias seria oriundo da eternidade (cf. Mq 5,2c); o Messias seria Deus na forma de homem (cf. Zc 2,10-11ª); o Messias seria enviado por Deus (cf. Zc 2,10-11b); o Messias traria a salvação (cf. Zc 9,9d); o Messias seria traído por trinta moedas de prata (cf. Zc 11,12-13). 
 
4 Discernir os falsos messias  
 
No Antigo Testamento houve muitos falsos profetas vendedores de ilusões que foram duramente combatidos, mas sempre enganaram a muitos (cf. Jr 23,9-15,29-32). Gamaliel, sábio doutor da lei, bem refletiu no Sinédrio, dizendo: “algum tempo atrás apareceu Teudas, que se fazia passar por uma pessoa importante, e a ele se juntaram cerca de quatrocentos homens. Depois, ele foi morto e todos os que o seguiam debandaram e nada mais restou. Depois dele, no tempo do recenseamento, apareceu Judas, o galileu, que arrastou o povo atrás de si. Contudo, também ele acabou mal, e todos os seus seguidores se dispersaram” (At 5,36-37). O próprio Jesus alertou seus discípulos para que não se deixassem enganar: “vão aparecer falsos messias e falsos profetas, que farão grandes sinais e prodígios, a ponto de enganar até mesmo os eleitos, se fosse possível” (Mt 24,2; Mc 13,22). “Cuidado, que ninguém se engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Eu sou o Cristo!’ e enganarão a muitos” (Mt 24,4-5). “Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! Não acrediteis; porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios” (Mt 24,23-24). Quando João Batista mandou seus discípulos perguntarem a Jesus se ele era o Messias ou se deviam esperar outro, o Mestre deu-lhe um critério para identificar o verdadeiro Messias. «Voltem, e contem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e a Boa Notícia é anunciada aos pobres” (Lc 7,21-23). 
No tempo de Jesus o povo estava cansado de falsos messias. João Batista bem sabia. Esse texto quer evidenciar um critério fundamental para se identificar o verdadeiro profeta. É aquele que age, que promove o Reino de Deus. Somos convidados a discernir os sinais do verdadeiro Messias e também a identificar os falsos pregadores. Na sociedade em que vivemos há muitos mestres da pregação, mas nem sempre estão comprometidos com a promoção da dignidade da pessoa humana. Esse é um critério implacável de reconhecimento hoje, dos verdadeiros servidores do Messias. Uma religião que se reduz à pregação é vazia e não promove o Reino de Deus aqui na terra! 
 
PARA A REFLEXÃO PESSOAL:
 
1 Porque é importante a “pedagogia do sonho”?
 
2 Qual aspecto da identidade do Messias que mais lhe chama a atenção?
 
3 Como podemos distinguir os falsos Messias da atualidade?
 

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