Por Padre Antônio Mattiuz
A CELEBRAÇÃO DA MISSA
03 – ENTREVISTANDO UM HOMEM DE TEATRO.
Paulo Autran é católico e exímio teatrólogo, mas que pouco vai à Igreja. A entrevista com ele está no livro de Nereu Teixeira páginas 17 a 24. Neste artigo vamos resumir e relatar só algo do que ele disse.
Paulo Autran lamenta a falta de vida que se dá à proclamação da Palavra. Ele diz que nas celebrações, a Palavra de Deus geralmente é lida por pessoas sem capacitação, sem vida, sem convicção e sem fé, e que o povo é obrigado a ouvir aquela blá, blá, blá horrível e vazio, que não diz nada. Autran diz ter ido mais a missas de 7º dia e teve que engolir celebrações e até homilias aborrecidíssimas, vazias e sem fé.
Paulo diz que a celebração não é teatro, mas que ela tem forte ligação com o teatro, pois o teatro é comunicação eficiente. A celebração litúrgica também deveria ser comunicação eficiente.
Perguntado como faz teatro, Autran diz que lê antes inúmeras vezes o texto que irá levar. Depois estuda o personagem que irá representar para captar o que ele sente. Só depois atua como se ele mesmo fosse aquela pessoa.
Autran diz que assim deve ser também com quem proclama a Palavra de Deus na celebração. Porém, raras vezes isto acontece por falta de capacitação dos agentes que atuam na liturgia em nossas igrejas.
Perguntado sobre o silêncio, Autran diz: ‘A pausa (nome dado ao silêncio no teatro) é indispensável para valorizar o que se acabou de dizer e o que se vai dizer logo de seguida. Mas, a pausa não pode ser exagerada’.
Autran recorda Dom Helder Câmara como um homem que falava ‘com garra, com emoção e convicção’, que acreditava no que dizia. Porém, raros são os padres que na celebração falam com garra, emoção e convicção.
Paulo Autran diz que um dia foi convidado pelo padre a fazer a leitura na igreja de um trecho da carta de São Paulo. Preparou-se bem, proclamou a Palavra, e todo o povo ficou encantado e alguém chegou a chorar.
O homem de teatro nos abre os olhos. Nós precisamos escutá-lo e atuar como ele: proclamar a Palavra com fé, garra, emoção e entusiasmo.
Menos de 10% dos católicos frequentam a missa dominical e mais de 90% não vai à igreja nos domingos. Por quais motivos? A culpa será só deles?