Com informações da Rádio Vaticano. O Papa Francisco recebeu, na manhã do sábado 4, na Sala Paulo VI, mais de mil representantes da “Economia de Comunhão”, promovido pelo Movimento dos Focolares, que realiza um encontro em Castelgandolfo de 1° a 5 de fevereiro.
O Projeto “Economia de Comunhão” (EdC) surgiu em maio de 1991, após uma visita de Chiara Lubich ao Brasil, como resposta concreta ao problema social e ao desequilíbrio econômico do país e do capitalismo em geral.
Com efeito, em seu discurso aos numerosos presentes, provenientes de 49 países, o Papa refletiu sobre os termos “Economia e Comunhão” de particular interesse:
“Economia e comunhão: duas palavras que a cultura de hoje mantém bem separadas e, muitas vezes, até as considera opostas. Duas palavras que, ao invés, vocês uniram, respondendo ao convite que Chiara Lubich fez no Brasil, há 25 anos. Diante das desigualdades que percebeu na cidade de São Paulo, ela exortou aos empresários a se tornarem agentes criativos e competentes de comunhão”.
De fato, ponderou Francisco, o empresário é considerado pelo Movimento dos Focolares como “agente de comunhão”, um novo modo de encarar as empresas e a economia. Uma empresa não deve destruir a comunhão entre as pessoas, mas edificá-la e promovê-la. A comunhão espiritual dos corações é mais plena quando se torna comunhão de bens, de talentos e de lucros.
Aqui o Santo Padre refletiu sobre três aspectos concernentes ao Projeto dos Focolares: o dinheiro, a pobreza e o futuro. Sobre o primeiro aspecto, disse:
“É muito importante que ao centro da economia de comunhão esteja a comunhão das entradas. A economia de comunhão também é comunhão de lucros, expressão da comunhão de vida. Muitas vezes falei sobre o dinheiro como ídolo, quando se torna objetivo de vida e pecado de idolatria. Mas, o dinheiro é importante, sobretudo, quando falta e quando dele dependem a alimentação, a escola e o futuro dos filhos”.
A riqueza, acrescentou o Pontífice, é a mais nova divindade, em nossos dias, que destrói milhões de famílias no mundo. Diante desta realidade, os Focolares escolheram colocar os lucros em comum, compartilhando-os com os pobres e para dar instrução e trabalho aos jovens. Assim, o Papa passou ao segundo aspecto da sua reflexão: a pobreza, um tema central para o Movimento fundado por Chiara Lubich:
“Hoje, são lançadas diversas iniciativas, públicas e particulares, para combater a pobreza, para o crescimento da humanidade. Na Bíblia, os pobres, os órfãos e as viúvas eram descartados pela sociedade. Hoje, foram inventados diversos modos para ajudar, matar a fome e instruir os pobres. Não obstante, o capitalismo continua a produzir descartes e exclusões”.
A economia de comunhão, afirmou Francisco, se quiser ser fiel ao seu carisma, deve criar um sistema econômico-social para salvar as vítimas do capitalismo. Um empresário de comunhão deve ser como o pai misericordioso da parábola evangélica do Filho Pródigo. Por fim, o Papa falou sobre o terceiro aspecto da Economia de Comunhão: o futuro:
“Estes 25 anos da história da Economia de Comunhão confirmam que a comunhão e as empresas podem crescer lado a lado. Comunhão é a multiplicação dos bens para todos. A economia de hoje precisa da alma dos empresários e da fraternidade respeitosa e humilde. É preciso compartilhar mais os lucros para combater a idolatria do dinheiro”.
O Papa concluiu seu pronunciamento aos participantes no encontro convidando o Movimento dos Focolares a continuar a mudar as estruturas sociais para evitar as vítimas do descarte e da exclusão. “Continuem a ser sal e fermento de uma nova economia, a Economia do Reino, onde os ricos partilham suas riquezas e os pobres são chamados bem-aventurados”.
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Papa: multiplicar os bens para todos. Capitalismo produz exclusões
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