Olá, meu irmão e minha irmã. A vida é feita de escolhas. Foi assim desde nossa origem. Adão, Eva e a Serpente que o digam. Aliás, de algum modo, acho que esses três personagens sempre estão presentes, ainda que de modo simbólico, permeando nossas escolhas.
Vamos brevemente lembrar a escolha que resultou no pecado original e depois tentar perceber como ela é, em certo sentido, atualizada!
Após Deus ter feito todas as coisas, dá-se a criação do Homem: “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher” (Gn1, 27). Tudo ia bem. Eles viviam em harmonia com Deus, em harmonia entre eles, em harmonia com a natureza. Mas, logicamente, a harmonia pressupõe respeito a determinados princípios, caso contrário – como diz o povo – “a coisa fica avacalhada”.
O princípio a ser observado era não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Se comessem, a morte viria (cf. Gn 2, 15-17). O recado foi dado: a liberdade absoluta, sem princípios, perverte-se, traz a morte. Isto é, a avacalhação da liberdade traz a perdição (morte).
Essa avacalhação veio em forma do convite sedutor da serpente que é um ser astuto (sagaz, esperto, engenhoso). A serpente pergunta a Eva se é verdade que Deus proibiu comer daquela árvore. Eva confirma e repete o princípio estabelecido por Deus. Mas a Serpente insinua que Deus é mentiroso, que Ele deve ter algum motivo escondido para proibir que comam da árvore do conhecimento do bem e do mal: “Oh, não! Vocês não morrerão. Deus sabe que, assim que comerem, seus olhos se abrirão e vocês serão como deuses” (Gn3, 4-5). Então seria isso: “Deus não quer concorrência, Ele não nos quer livres”. Pronto! A isca foi lançada: “Deus é um velhaco que esta enganando vocês”, indica o sedutor.
O pai da mentira acusa a Verdade de ser mentirosa. Desse modo, engenhosamente, a serpente coloca no coração da pessoa humana a desconfiança para com Deus. E a mulher (cada pessoa humana, visto que Eva é a “mãe de todos os viventes”), vendo que o fruto era de aspecto agradável, escolheu pela Serpente. Escolher pela Serpente foi escolher pelo prazer imediato que agrada os sentidos. Escolheu o agradável em detrimento do que é bom. Escolheu o gozo em detrimento do bem.
Ah, meu irmão e minha irmã, você, por acaso, supõe que essa história ficou no passado? Você acha que essa escolha coube somente aos nossos primeiros pais? Vejamos uma situação possível, prosaica.
Uma moça (vou chama-la de Babí, aludindo à Babilônia) encontra-se na parada esperando o ônibus. Vai resolver alguns assuntos na rua. Cena banal!
De repente para uma moto ao seu lado. Um rapaz chamado Rafa (pensei em outro nome: como Lúcifer, mas ficaria muito evidente, então deixa esse nome que faz alusão angelical, ainda que nesse caso, esteja mais para o diabólico). Eles já se conhecem de “outros carnavais”. Uma observação: a palavra carnaval significa “festa da carne”, portanto, “para bom entendedor…”.
Continuando: ele apresenta-se de modo agradável, sedutor, educado abre a viseira do capacete, sorri de modo largo e… “oi, tudo bem?”. As poucas palavras comunicam mais do que é falado. Ela entende o recado: “Sobe! Mesmo sendo comprometida você pode. Afinal, é livre para gozar a vida. Nada de regras, sem cobranças”. Engenhosamente, Rafa lança a proposta no presente, confiando no passado, pretendendo um prazer futuro.
Mas ela não sabe que o gozo da vida pode ser o sorriso da morte. Ou sabe? Sim, ela sabe. Talvez não saiba em toda plenitude. Mas, em todo caso, ignorância não significa exatamente inocência. Esse “oi” ecoa o “coma o fruto”. Esse “oi” desdobra-se em prazer sem compromisso.
Ela responde: “tudo!”. Ela vai com ele? Dá-se o momento da escolha. O drama teo-lógico-antroplógico se repete. É o momento de Babi decidir se quer ser Babilônia. Não sei o final da história, pois em Babi estamos todos nós que devemos decidir se ecoamos o erro original ou se rompemos o ciclo. A escolha continua…
Sigamos em frente, procurando pensar com a Igreja, no serviço da Verdade. Fique com Nossa Senhora e São José.
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Servindo à verdade: A escolha
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