O Papa vai publicar esta quinta-feira a quarta encíclica do pontificado, ‘Dilexit nos’ (amou-nos), centrada na devoção ao Coração de Jesus, anunciou hoje o Vaticano.
“Carta Encíclica sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus Cristo” é o subtítulo do documento, anunciado pelo próprio Francisco, na audiência geral do dia 5 de junho, sublinhando a importância desta tradição espiritual num mundo que “parece ter perdido o coração”.
“Julgo que nos fará muito bem meditar sobre vários aspetos do amor do Senhor que podem iluminar o caminho da renovação eclesial, mas que também dizem algo de significativo a um mundo que parece ter perdido o coração”, disse então, na Praça de São Pedro.
A 27 de dezembro de 2023 celebrou-se o 350.º aniversário da primeira manifestação do Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), iniciando um período de celebrações que se vai concluir a 27 de junho de 2025.
“Apraz-me preparar um documento que reúne as valiosas reflexões dos textos precedentes do magistério e uma longa história que remonta às Sagradas Escrituras, para voltar a propor hoje, a toda a Igreja, este culto carregado de beleza espiritual”, adiantou o Papa.
A 27 de dezembro de 1673, Margarida Maria Alacoque, religiosa francesa de 26 anos, teve a primeira de um ciclo de visões do Coração de Jesus, no convento de Paray-le-Monial, na Borgonha, que se prolongou durante 17 anos.
A mensagem da religiosa veio desenvolver uma devoção que já se encontrava na mística alemã do final da Idade Média; São João Eudes, que viveu no século XVII, é apresentado pelo Vaticano como um “apóstolo da devoção ao Coração de Jesus e de Maria”.
A solenidade do Coração de Jesus é assinalada por toda a Igreja Católica desde 1856, por decisão do Papa Pio IX.
‘Dilexit nos’ surge depois das encíclicas ‘Lumenfidei’ (2013), que recolhe reflexões sobre a fé iniciadas por Bento XVI; ‘Laudato si’ (2015), documento que propõe uma ecologia integral, abordando questões sociais e ligadas ao meio ambiente; e ‘Fratelli tutti’ (2020), que recolher as reflexões de Francisco sobre a fraternidade e a amizade social.
A palavra ‘encíclica’ vem do grego e significa ‘circular’, carta que o Papa enviava às Igrejas em comunhão com Roma, com um âmbito universal, onde empenha a sua autoridade primeiro responsável pela Igreja Católica.
O Papa mais prolífico neste tipo de cartas é Leão XIII, com 86 encíclicas – embora muitos desses textos fossem, nos nossos dias, classificados como cartas apostólicas ou mensagens; São João Paulo II escreveu 14 encíclicas e Bento XVI três.
A encíclica é uma forma muito antiga de correspondência eclesiástica, dado que na Igreja os bispos enviavam frequentemente cartas a outros bispos, para assegurar a unidade entre a doutrina e a vida eclesial.
Bento XIV (1740-1758) reavivou o costume, enviando “cartas circulares” a outros bispos, abordando temas de doutrina, moral ou disciplina que diziam respeito a toda a Igreja; com Gregório XVI (1831-1846), o termo encíclica tornou-se de uso geral.
Fonte: Agência Ecclesia